Rui Alexandre. “Estaremos sempre disponíveis para ouvir todos”

Foto por Fernando José

PERFIL

Nome: Rui Dias Alexandre

Idade: 52 anos

Naturalidade: Lisboa

Formação académica: licenciado em Recursos Humanos

Atividade profissional: técnico superior, empresário

Lema de vida: “O segredo da vida não é ter tudo o que se quer, mas amar tudo o que temos”

O que o leva a candidatar-se? Que experiência ou formação o diferenciam face aos outros candidatos à câmara?

O meu percurso, na defesa e promoção da minha terra, fez com que deixasse de acreditar nos poderes instituídos e em partidarismos políticos. A não participação dos cidadãos, por falta de interesse e confiança no poder partidário, levou-me a tomar a posição de me candidatar.

A minha ligação a várias associações, tanto desportivas como associativas, dá-me alguma proximidade às pessoas e tenho a convicção de que a minha familiaridade com elas poderá ser o ponto de partida para que contribuam para a mudança tão necessária, por forma a recuperar a dignidade de Alcobaça, colocando o concelho no roteiro do desenvolvimento e do progresso.

Entrei para a função pública em 1996. Comecei como Operacional de Estações Elevatórias. Como sou uma pessoa de objetivos e focado, internamente e sempre que houve oportunidade de subir, empenhei-me e fui conseguindo atingir o objetivo a que me propunha, até que me inscrevi na faculdade e me licenciei em Gestão de Recursos Humanos e sou Mestrando em Marketing Relacional. Hoje sou Técnico Superior da Câmara. Não sinto que nada em concreto me diferencie dos meus adversários, pois entendo que ninguém, por si só, tem as qualificações diferenciadoras. É todo um percurso rico em experiências, pelo qual passei, que me deu a conhecer todo o concelho, as suas debilidades e as suas gentes, e que me dá a segurança para considerar que, em conjunto com a minha equipa, somos a alternativa que Alcobaça necessita.

A sua candidatura independente não resulta da divisão da concelhia do PS, que não soube unir-se para se bater contra 24 anos de gestão PSD?

Relativamente a esta questão, não me quero alongar. Apenas digo que, enquanto dirigente do PS local, sempre me debati contra o poder local instituído e dinástico, sempre defendi os interesses do meu concelho. Quando senti que não era esse o caminho e que não me revia naquele PS, vim embora.

Quais as suas prioridades?

Os cidadãos têm o direito de ter um papel interventivo nas decisões do poder local e de fazer parte dele. É essa a razão deste nosso Movimento de Cidadãos Independentes. “NÓS-CIDADÃOS POR ALCOBAÇA”, é um grupo de natureza diversificada, sendo a profusão de ideias, independentes de partidos, a nossa base de trabalho.

Não vamos fazer promessas de arranjar, de construir, de fazer isto ou aquilo. Vamos prometer, sim, ouvir todos os cidadãos e, em conjunto, fazermos a mudança. Para isto, temos o compromisso de promover a envolvência dos munícipes nos assuntos municipais, para que todas as decisões sejam transparentes, deixando para trás esta gestão autárquica de maiorias absolutas, sem visibilidade para o exterior e deixando muitas dúvidas à comunidade.

Prometemos, sim, que a gestão da câmara e dos dinheiros será transparente e de consulta facilitada a todos os cidadãos, e que estaremos sempre disponíveis para ouvir todos.

A nossa candidatura não será um conjunto de promessas, mas sim de intenções que pretendemos levar a cabo. Tem como foco principal as PESSOAS, a CIDADANIA e ALCOBAÇA! O nosso objetivo é voltar a trazer às mesas de voto todos os que desistiram de acreditar e devolver-lhes a esperança, pois a mudança é imperiosa, e “NÓS-Cidadãos por Alcobaça” é a ALTERNATIVA que as pessoas merecem e precisam.

Como contrariar a perda de habitantes? Como tornar o concelho mais atrativo e competitivo?

A requalificação da zona mais degradada é uma prioridade. Com a requalificação, pretende-se apoiar as zonas de habitação multifamiliar que se encontram em mau estado, ajustando-as aos novos imperativos de ordenamento do território e de qualificação ambiental, assegurando, desta forma, mais habitações familiares dentro da cidade.

O ensino superior também é um agente dinamizador e de promoção do território e, sendo direcionado para os agentes económicos locais, como é o caso da gestão empresarial e industrial, turismo, cultura e tecnologias, será uma aposta para a nossa cidade, que precisa de jovens com ideias inovadoras para se fixarem cá.

O que faria no âmbito do património, agora com o Mosteiro de Alcobaça na lista da UNESCO de Património Mundial em Risco, com as obras em curso para instalação do hotel?

O crescimento e desenvolvimento das cidades deve pressupor sensibilidade e preocupação de transmitir, às gerações futuras, a herança que recebemos. Só quando a gestão do património está integrada na estratégia de intervenção das cidades há a tão desejada sustentabilidade, porque o nosso património é o que nos define, é a nossa identidade.

Deixo um repto ao executivo camarário no sentido de informar e esclarecer a todos os munícipes, publicamente, sobre as razões que determinam a entrada do Mosteiro de Alcobaça no relatório mundial de monumentos em perigo do ICOMOS. Considerando que uma das funções do Conselho Internacional dos Monumentos e dos Sítios (ICOMOS) – organização consultiva do Comité do Património Mundial – é monitorizar o estado de conservação dos bens culturais do Património Mundial, e sabendo que ao Comité do Património Mundial cabe não só avaliar e determinar a entrada de Monumentos e Sítios na Lista do Património da Humanidade, mas também decidir sobre a sua retirada, não se compreende o silêncio da edilidade sobre esta matéria, tão grave, que a todos diz respeito.

Não podemos deixar esquecer, mas sim resolver de uma vez por todas, os assuntos da Casa Museu Vieira Natividade e do futuro Museu da Cerâmica, que Alcobaça necessita. Duas obras de elevada importância para toda a comunidade e para a região.

O que faria para a comunidade católica de Alcobaça ter, como dita a lei, afetação permanente ao culto e acesso ao Mosteiro, que é hoje a Igreja Paroquial, depois de três igrejas mandadas demolir no séc. XX?

Esta questão do Mosteiro e da privação do acesso à Igreja pela comunidade católica, já foi por mim defendida na CIMOESTE, enquanto deputado da Assembleia.

A arquitetura da igreja de Alcobaça é um reflexo da regra beneditina na procura da modéstia, da humildade, do isolamento do mundo e do serviço a Deus: é uma igreja virada para o culto e oração.

Relativamente aos bens da Igreja Católica, e recuando ao século passado, encontramos um primeiro movimento que defendia a Igreja para o Estado, através da Lei da Separação do Estado das Igrejas, de 20 de Abril de 1911. Genericamente, este regime legal estabelecia que os bens imóveis e móveis, incluindo os templos em geral – catedrais, igrejas e capelas – afetos ao culto público da religião católica, passassem a pertencer ao Estado, tendo sido determinado o arrolamento e o inventário dos referidos bens. Ficou ainda previsto um conjunto de cedências, resumidas em dois grandes grupos.

  • Das catedrais, igrejas e capelas que serviam ao culto e respetivos bens móveis, a título gratuito e precário
  • Dos paços episcopais, presbitérios e seminários, para habitação dos ministros da religião católica e para o ensino teológico

Na Concordata de 1940 e a anterior Lei do Património Cultural – Lei nº 13/85, de 6 de Julho (revogada), os Monumentos Religiosos mantem-se propriedade do Estado, mas ficam na situação de afetação permanente ao serviço da Igreja.

Por todas estas razões, não vejo porque é que a Igreja do Mosteiro não deverá ser acessível a toda a comunidade católica, uma vez que a população de Alcobaça já foi, como disse, privada de 3 igrejas em Alcobaça. Como cidadão alcobacence, defenderei sempre o livre acesso da comunidade católica à Igreja do Mosteiro.

Que repto tem a dirigir aos seus opositores?

Que, independentemente das opiniões divergentes que nos separam e de quem venha a ser eleito, deve-se ter como foco Alcobaça e os Alcobacences.

Que façamos uma campanha com alguma elevação e dignidade, porque, no fundo, o que todos queremos é o bem do concelho.

Por que devem os eleitores votar em si?

Os eleitores, ao votarem na minha candidatura, estão também a votar neles próprios. A minha candidatura é dos cidadãos e para os cidadãos. Estão a votar em Alcobaça e na Cidadania.

A entrevista foi concedida por escrito.

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