Um adeus, um obrigada

P. Tiago Roque
Pároco de Alcobaça e Vestiaria

Na passada segunda-feira, o mundo amanheceu com uma notícia que o abalou profundamente. O Papa Francisco morreu. No início da oitava da Páscoa, a luz da Ressurreição desceu também sobre ele. Ao deparar-me com uma enxurrada de vozes vindas de toda a parte, comecei a vasculhar a memória na procura do que guardo de mais especial a seu respeito.
Estava o conclave, em 2013, a decorrer para eleger o novo Papa. Eu era seminarista a frequentar o ano propedêutico. Recordo que o nosso ano se encontrava em atividade de duas semanas na Casa de Saúde do Telhal. Na unidade em que exercia o meu serviço, utentes, colaboradores e voluntários aguardávamos em frente ao televisor. Tínhamos contemplado já o célebre fumo branco, sinal de que os cardeais tinham chegado a um consenso a propósito do novo sucessor de Pedro. Entretanto, surge uma figura de aspeto simples, humilde, empático. Tratava-se do cardeal argentino Jorge Mario Bergoglio. Com bom humor, dizia ter sido eleito um homem do fim do mundo. Talvez se tratasse de um desígnio de Deus para que os últimos do globo terrestre fossem mais eficazmente tidos em conta. E assim foi sucedendo. Estando eu nesses dias de serviço num lugar de tratamento de doenças mentais tudo isto ganhou sentido. Mas questionava-me: será que alguma vez o verei de perto?
Esse dia efetivamente aconteceu. Recordo o momento em que juntamente com todos os outros padres novos de Lisboa, em junho de 2022, acompanhados por D. Manuel Clemente, estivemos numa audiência de quarta-feira e conversámos durante poucos minutos com o Santo Padre. Um de nós ousou questionar: “Santo Padre, o que espera dos padres novos de Lisboa?”
A sua resposta foi direta e incisiva: “Sede verdadeiros.” Hoje trago comigo este mandato de Francisco. E reconheço que ser verdadeiro é muito mais do que seguir um conjunto de lógicas bem fundamentadas. É antes seguir de todo o coração uma pessoa concreta. Cristo. Pequeno entre os pequenos.
Hoje, agradeço profundamente a Deus por no-lo ter dado. Por tanto com ele termos crescido. Porque o nosso lugar mais certo é a pequenez e como nos ensinou o Papa, durante a Jornada Mundial da Juventude, o único momento em que podemos olhar de cima para baixo é quando ajudamos alguém a erguer-se. Sejamos pequenos como ele. Obrigado Papa Francisco! Encontramo-nos no Céu!

P. Tiago Roque
Pároco de Alcobaça e Vestiaria

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