O domingo passado foi dia para celebrar os Apóstolos São Pedro e São Paulo, inegáveis colunas da Igreja. Pedro, o pescador da Galileia, que foi escolhido por Jesus para ser a pedra a partir da qual viria a erguer a sua Igreja. Paulo, o grande missionário, que levou a boa notícia de Cristo a todos e foi fundador de novas comunidades cristãs, olhando-as como um pai observa com ternura os seus filhos.
Na verdade, neste domingo, a minha atenção prendeu-se em Pedro. Segundo o relato dos Atos dos Apóstolos, ele tinha sido aprisionado por Herodes e estava rodeado de guardas por todos os lados. E como é que a narrativa nos diz que Pedro se encontrava realmente? A dormir. Repousava calmamente. Esta tranquilidade em tempo adverso fez-me recordar uma outra passagem da Escritura. O Mestre e os discípulos seguiam na barca, em plena tempestade. Enquanto tudo parecia estar a desabar e o medo da morte imperava, onde é que nós encontramos Jesus? Na popa, a dormir. Agora, o próprio Pedro já era capaz de assumir a atitude de Cristo. Sente-se entregue nos braços de Deus. E na adversidade descansa. Diante deste facto, importa questionarmo-nos: como é que temos dormido ultimamente? Será que o nosso excesso de preocupações nos tem tirado o sono? O que é que precisamos de aprender com Jesus e com Pedro?
Neste ano jubilar, que cada um de nós saiba abandonar-se à esperança cristã. Se é a luz de Domingo de Páscoa que nos move, então permanece a serenidade. Afinal, o nosso dormir até é um excelente barómetro de esperança.