Uma imensidão de sabores

P. Tiago Roque
Pároco de Alcobaça e Vestiaria

A mesa da refeição é muito mais do que simplesmente um lugar para comer. Ao longo da sua vida pública, encontramos Jesus múltiplas vezes em tal ambiente. Surge rodeado pelos seus discípulos e também por alguns convidados um tanto inesperados. Mateus, o publicano, convida-O para um banquete após ter sido chamado (Mt 9, 9-13). Zaqueu recebe Jesus e à mesa promete-lhe que restituirá quatro vezes mais a todos aqueles a quem causou dano (Lc 19, 1-10). Durante a Ceia Pascal, institui perante os doze o Sacramento da Eucaristia (Lc 22, 14-20) e dá-lhes uma regra de vida por meio da imagem do lava-pés (Jo 13, 4-17). A mesa é um verdadeiro lugar de encontro entre todos e com o próprio Deus.
No passado dia 1 de novembro, em Alcobaça, a Solenidade de Todos os Santos foi festa de todos os confrades. A Confraria do Frango na Púcara teve o seu Capítulo Geral. Não dispensou a presença de várias Confrarias de outras zonas do país e arredores. Foram investidos novos irmãos, sendo testemunha da efeméride um cineteatro cheio. A Eucaristia na Igreja do Mosteiro viu-se ainda mais enriquecida pela participação de todos estes irmãos que tinham vindo às Terras de Cister representar as suas riquezas gastronómicas. Sendo a Eucaristia a refeição por excelência, certamente que posso afirmar que terá sido o ponto forte do dia. De seguida, houve espaço para a confraternização em torno da mesa do almoço. Uma festa que terá deixado os visitantes com vontade de voltar.
Outro encontro interpessoal potenciado pelo alimento do corpo há-de ser a Mostra de Doces & Licores Conventuais. Este ano, de 14 a 17 de novembro. Um evento que nos põe em contacto com comunidades religiosas de vida contemplativa, que vêm apresentar as suas especialidades e dar o seu testemunho vocacional. Visitam-nos ainda outros mestres de doçaria de várias zonas do país que não nos deixam indiferentes ao que nos trazem para provar.
A refeição é de facto lugar onde o humano e o divino se tocam. Para além do que se degusta, há muito a descobrir. E uma coisa é certa: em Alcobaça há sempre mesa para todos.

P. Tiago Roque
Pároco de Alcobaça e Vestiaria

Uma resposta

  1. II CAPÍTULO DO FRANGO NA PÚCARA
    Uma dezena de entronizações
    para dentro da Púcara entraram;
    mais o hino e amor nos corações,
    a púcara, mais alto levantaram.

    No II Capítulo, foi alto o momento
    no Mosteiro de Santa Maria;
    quase milenar monumento,
    desfilou lá dentro, a Confraria.

    Na Cruz gigante, onde se ora,
    ao centro, antes do Altar,
    ao lado de Nossa Senhora,
    foi do coro, a irmã São cantar.

    Com olhos cerrados, na mente
    vi, subir ao Céu suavemente,
    o cântico daquela voz de encantar,
    e sem dar conta, dei comigo a chorar.

    A cruz estava cheia de almas vivas
    a ouvir proferidas palavras de valor
    ao Frango na Púcara alusivas
    e às demais confrarias com amor.

    E depois, as concertinas tocaram,
    tocaram pelas ruas e jardins;
    atentos turistas pasmaram
    e com o vira, até torceram rins…

    Na púcara e rodeado de sabores,
    veio acalentar o rei de Alcobaça
    dois centos de senhoras e senhores
    acomodados no Mercado ou Praça.

    “Quem passa por Alcobaça
    não passa sem lá voltar
    por mais que tente e que faça
    é lembrança que não passa…”

    (Ao II Capítulo 2024 da Confraria do Frango na Púcara.)
    Martingança, 02.11.2024.
    Confrade Octávio Rodrigues

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