A mesa da refeição é muito mais do que simplesmente um lugar para comer. Ao longo da sua vida pública, encontramos Jesus múltiplas vezes em tal ambiente. Surge rodeado pelos seus discípulos e também por alguns convidados um tanto inesperados. Mateus, o publicano, convida-O para um banquete após ter sido chamado (Mt 9, 9-13). Zaqueu recebe Jesus e à mesa promete-lhe que restituirá quatro vezes mais a todos aqueles a quem causou dano (Lc 19, 1-10). Durante a Ceia Pascal, institui perante os doze o Sacramento da Eucaristia (Lc 22, 14-20) e dá-lhes uma regra de vida por meio da imagem do lava-pés (Jo 13, 4-17). A mesa é um verdadeiro lugar de encontro entre todos e com o próprio Deus.
No passado dia 1 de novembro, em Alcobaça, a Solenidade de Todos os Santos foi festa de todos os confrades. A Confraria do Frango na Púcara teve o seu Capítulo Geral. Não dispensou a presença de várias Confrarias de outras zonas do país e arredores. Foram investidos novos irmãos, sendo testemunha da efeméride um cineteatro cheio. A Eucaristia na Igreja do Mosteiro viu-se ainda mais enriquecida pela participação de todos estes irmãos que tinham vindo às Terras de Cister representar as suas riquezas gastronómicas. Sendo a Eucaristia a refeição por excelência, certamente que posso afirmar que terá sido o ponto forte do dia. De seguida, houve espaço para a confraternização em torno da mesa do almoço. Uma festa que terá deixado os visitantes com vontade de voltar.
Outro encontro interpessoal potenciado pelo alimento do corpo há-de ser a Mostra de Doces & Licores Conventuais. Este ano, de 14 a 17 de novembro. Um evento que nos põe em contacto com comunidades religiosas de vida contemplativa, que vêm apresentar as suas especialidades e dar o seu testemunho vocacional. Visitam-nos ainda outros mestres de doçaria de várias zonas do país que não nos deixam indiferentes ao que nos trazem para provar.
A refeição é de facto lugar onde o humano e o divino se tocam. Para além do que se degusta, há muito a descobrir. E uma coisa é certa: em Alcobaça há sempre mesa para todos.
Uma resposta
II CAPÍTULO DO FRANGO NA PÚCARA
Uma dezena de entronizações
para dentro da Púcara entraram;
mais o hino e amor nos corações,
a púcara, mais alto levantaram.
No II Capítulo, foi alto o momento
no Mosteiro de Santa Maria;
quase milenar monumento,
desfilou lá dentro, a Confraria.
Na Cruz gigante, onde se ora,
ao centro, antes do Altar,
ao lado de Nossa Senhora,
foi do coro, a irmã São cantar.
Com olhos cerrados, na mente
vi, subir ao Céu suavemente,
o cântico daquela voz de encantar,
e sem dar conta, dei comigo a chorar.
A cruz estava cheia de almas vivas
a ouvir proferidas palavras de valor
ao Frango na Púcara alusivas
e às demais confrarias com amor.
E depois, as concertinas tocaram,
tocaram pelas ruas e jardins;
atentos turistas pasmaram
e com o vira, até torceram rins…
Na púcara e rodeado de sabores,
veio acalentar o rei de Alcobaça
dois centos de senhoras e senhores
acomodados no Mercado ou Praça.
“Quem passa por Alcobaça
não passa sem lá voltar
por mais que tente e que faça
é lembrança que não passa…”
(Ao II Capítulo 2024 da Confraria do Frango na Púcara.)
Martingança, 02.11.2024.
Confrade Octávio Rodrigues