Lusodescendentes da região protagonistas de Sully

A 15 de janeiro de 2009, o capitão Chesley “Sully” Sullenberger foi notícia em todos os média ao conseguir aterrar um avião… no Rio Hudson, em Nova Iorque. Feito quase impossível que salvou a vida dos 150 passageiros a bordo e que passou para os ecrãs, dando origem ao filme Sully, nomeado na categoria Melhor Edição Sonora para os Óscares 2017, atribuídos na próxima semana.
Da ficção para a realidade, este episódio foi vivido na primeira pessoa por dois lusodescendentes da região que contaram a’O ALCOA como tudo aconteceu.
Jorge Morgado, 40 anos, que vive em Massachusett, nos Estados Unidos, com raízes paternas nos Capuchos, Évora de Alcobaça, apanhou precisamente o voo US Airways 1549, com destino a Myrtle Beach, para ir jogar golfe com uns amigos. “Recordo-me dos pássaros a bater no avião, da cabine se encher de fumo e de tentar perceber o que estava acontecer. Então ouvi ‘preparem-se para o impacto’ e começaram todos os Pai Nossos e Avé-Marias”. Lembra-se depois “do embate na água, de tocar na cabeça e de me aperceber de que ainda estava vivo”, relatando que saiu pela asa esquerda do avião. “Fui resgatado por um barco dos bombeiros, as minhas calças e roupas tinham gelo por estar na água porque, em Nova Yorque, estavam 19 graus [7 graus Celsius negativos] naquele dia”.
Memória semelhante tem David Carlos, o professor de Matemática de 43 anos, a viver também nos Estados Unidos e com raízes em Turquel, por parte do avô paterno. O lusodescendente embarcou com o amigo Jorge Morgado com o mesmo destino e objetivo. “Lembro-me do piloto Sully anunciar: ‘preparem-se para o impacto’ e de pensar que iríamos morrer; recordo-me de apertar o cinto e de rezar, de pensar na família e no que poderia fazer para sobreviver”, conta. Depois do embate, “não queria acreditar que tinha sobrevivido a um desastre de avião”, conclui.
Sobre a versão cinematográfica, Jorge Morgado classifica o filme como um excelente trabalho, sem ser demasiado hollywoodesco. O gestor já voltou a andar de avião, mas tem que tomar calmantes “para controlar os nervos”. Lamentando não visitar Alcobaça desde há 25 anos, pensa fazê-lo em breve, mesmo que tenha de enfrentar nova viagem aérea, para mostrar às filhas as suas origens.
David Carlos considera Sully um bom filme: “não me tinha apercebido que tinham tentado culpar o piloto da sua aterragem no rio”, sendo que a “evacuação dos passageiros foi retratada como sendo muito fácil, mas foi um bocado caótica na vida real”, diz o professor, que esteve em Portugal com a família em agosto passado. Também ele, desde o acidente, fica nervoso quando viaja de avião. No entanto, “como gosto de viajar, vou continuar a fazê-lo”.

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