Benedita – O Presépio do Silvestre

João Luís Maurício
Professor de História aposentado

O Sacristão Silvestre era um homem muito afável e paciente. Era ele que, ano após ano, fazia o presépio, com uma paciência sem limites, num ritual lento e cadenciado. Começava por limpar as figuras, uma a uma, que estavam guardadas numa caixa de madeira, gasta pelo tempo. Recordo-me, vagamente, de ver um seu belo presépio na Igreja Velha, em 1954, já no tempo do Padre Inácio, ainda eu não andava na Escola Primária, a qual ficava mesmo ao lado da Igreja.

Já na Igreja Nova, a criatividade do sacristão continuou a ser uma doce realidade. As figuras essenciais estavam lá todas, mas as supérfluas estavam ausentes. O Menino Jesus era a figura central, ladeado pela Virgem Maria e por São José. Ao longe, a Estrela de Belém e os Reis Magos. Enfim, o Presépio do Silvestre era um encanto, simples, original, vivo, alegre, verdadeiro, mas sem adornos. Tinha graciosidade e pureza.

Em 1952, o meu tio Padre Fernando trouxe de Itália, onde estudava, as peças principais de um presépio daquele país. Com o passar dos anos, o mesmo foi desaparecendo. Na minha mesa, onde escrevo estes textos, guardo religiosamente, a única figura sobrevivente – o Rei Mago Baltazar. Olho com frequência para aquela imagem, cujas cores se foram esbatendo, após quase setenta anos de vida. Nessas alturas, recordo-me sempre, com uma saudável nostalgia, do Presépio do Silvestre Castelhano.

João Luís Maurício
Professor de História aposentado

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