Que balanço faz da Galeria Cheila Peças, em Alcobaça?
Abri o espaço em 2020 e já por cá passaram mais de 50 artistas. Foi sobretudo um investimento pessoal, mas tem sido muito enriquecedor. Nota-se que há cada vez mais pessoas a aderir, sobretudo de fora. Tenho tido muita procura de artistas para expor e estamos com a 12.ª exposição. Quem visita a galeria são muitas vezes grupos específicos que se interessam pela arte e amigos dos artistas. Normalmente, há sempre mais gente nas inaugurações e as pessoas da região não aderem tanto, o que é pena porque é um espaço que não existia e que permite essa abertura cultural.

Quais os critérios para seleção dos artistas?
Gosto sempre de dar oportunidade a todo o tipo de artistas, mesmo a autodidatas. Fizemos recentemente uma open call (uma chamada de trabalhos) para a Exposição de D. Inês de Castro, a quem quisesse. O resultado foi muito bom. Muitos artistas fizeram trabalhos especificamente para esta mostra e também convidei alguns que já têm exposto. A iniciativa também resultou em parceria com a associação alcobacense “Os Amigos das Letras”, com diversas obras e instalações, o que enriqueceu o espaço. Por isso é que eu também aceito trabalhos de autodidatas, de pessoas que não percebem o que é realmente fazer uma exposição, que não têm a noção do que é a arte e de a inserir num trabalho, mas que fazem algumas obras e têm potencial. Gosto de misturar estes diferentes saberes, de artistas com ou sem experiência.

Considera Alcobaça uma terra de arte e de artistas?
Sim. Só que não está muito bem aproveitada e eu gostava de fazer mais exposições com artistas da região.

O que faz falta?
Mais espaços culturais e uma maior aposta na educação para as artes.