Como atletas a correr na pista, desejamos a meta a todo o custo. Alcançar a perfeição de Cristo é o objetivo da corrida. Deste modo, empenhamo-nos em ser para o mundo imagem viva d’Ele.
Na semana que passou, gozámos da presença da Missão País em Aljubarrota. Um grupo de jovens universitários que deixa para trás o descanso das férias para um encontro com o essencial. Assim os vemos no trabalho em várias instituições, na animação de intervalos e participação em aulas nas escolas ou na evangelização porta-a-porta. Sem dúvida, momentos felizes de passos largos para a meta.
Contudo, por momentos na corrida, podemos perder o rumo. Afastamo-nos do centro. Nestes últimos dias, a Igreja tem-se confrontado com o grave problema dos abusos de menores. Há dias atrás, alguém me perguntou o que é que eu achava do número de casos. Respondi que se se tratasse de apenas um já teria sido demasiadamente dramático. A nossa missão é o amor a todos e ser testemunho. Este problema é uma absoluta negação desse amor. Todavia, o confronto com a verdade da nossa história impele-nos à conversão. A ousadia de se ler e reler. Sondar o que há de melhor e de pior. Não cruzar os braços diante do que está mal, mas encará-lo de frente e fazer de tudo pela mudança. Fechar os olhos e deixar andar não é solução. A crise pode adensar se não pusermos mãos à obra. Compreendendo que numerosas crianças no seio da nossa sociedade se vêem envolvidas nestas situações, a Igreja portuguesa resolveu começar por si. Custou-lhe a dureza das consequências por levantar o véu da verdade. Mas está disposta a abraçar um tempo novo de Deus. Tempo de reconstrução. De correção. De crescimento. Vamos garantir que tais abusos não tornam a suceder.
Chega assim uma vez mais a Quaresma. Sendo ela tempo de olhar o mais fundo de nós mesmos, aceitemos o desafio. Certamente chegaremos à conclusão de que nem tudo está bem. Há caminho ainda a percorrer. Aproveitemos este tempo para vencermos e ultrapassarmos. A meta aguarda-nos.