“Muitas vezes tenho de meter mãos à obra e ir, por exemplo, cortar a erva”

Foto por Catarina Reis

PERFIL

Nome: Rui Manuel Amaro Marques (Rui Pirralho)
Data de nascimento: 12 de novembro de 1964
Naturalidade: Valado dos Frades
Atividade Profissional: Agricultor e jurista
Porque se candidatou: Por mim e pela terra. Mais do que tudo acredito em mim próprio. Toda a minha vida me interessei pelas questões nacionais e internacionais. Aos 35 anos, fui para Coimbra estudar Direito porque entendi que precisava de alargar os horizontes. Fui convidado para ser candidato com muito tempo de antecedência mas disse sempre que não. Mas ficou combinado foi que se eu tivesse que dar a cara o faria. E foi o que fiz porque gostava e porque queria fazer alguma coisa pela terra. Mas quase não apareci em campanha eleitoral e trabalhei até ao último dia.

Quais os principais problemas que o Valado enfrenta?
O desemprego, com o encerramento de fábricas, questões que se têm refletido na pequena economia, com muitas famílias a procurar ajuda na junta de freguesia.

Como tem sido até agora gerir a freguesia?
Não tem sido tarefa fácil. Estou com algumas dificuldades no que respeita aos recursos humanos desde o princípio do ano. Acredito que as juntas de freguesia só têm duas hipóteses de sobreviver: ou estão absolutamente dependentes da sua câmara municipal, ou têm condições administrativas que lhe permitam ter uma autonomia de gestão. A junta de freguesia do Valado não tem nem uma garantia nem outra. Não tenho uma máquina, não tenho um homem para trabalhar, o que me faz muitas vezes ter que meter mãos à obra e, por exemplo, ir cortar a erva. Acho que tenho feito milagres e sei que as adversidades vão continuar, mas hei de dar a volta por cima, porque não sou de desistir.

A primeira experiência como autarca como está a ser?
É o que estava a espera porque não tinha expetativas. Têm sido sete meses de muito trabalho e de muita entrega, com o regime jurídico da junta que é de não permanência, mas eu quando assumi este desafio, entendi que teria passar por cima disso e andar aqui todos os dias, de manhã à noite, sábados e domingos. Apercebi-me que, de facto, não há outro modo de gerir a freguesia. A gestão é feita praticamente dia a dia, resolvendo pequenos problemas e as necessidades dos fregueses.

Que obras seriam mais relevantes para a freguesia?
Não gosto de falar de obras; prefiro falar de projetos. Gostava de limpar todos os rios e as margens para que não volte a acontecer o que aconteceu neste ano de muita chuva e melhorar algumas estradas rurais, que precisam de ser rapidamente intervencionadas porque estão a ficar degradadas. Em reunião com a câmara municipal, vimos que há possibilidade de candidaturas para fazer uma intervenção no pavilhão gimnodesportivo e outra no parque de merendas. Relativamente ao antigo mercado municipal, está em muito mau estado e tem telhado de amianto, mas a câmara municipal não tem recursos financeiros para poder dar à junta a hipótese de mexer ali. Em relação ao novo mercado, estão em curso os últimos acabamentos, mas ainda não há data de abertura.

Como está a situação financeira da junta?
A junta não tem dívidas e as contas estão liquidadas. Recebemos anualmente 50 mil euros do fundo de freguesias, menos mil euros do que no ano passado, e temos receitas de uma pequena renda do parque de merendas e de alguns serviços administrativos, prestados aos cidadãos. Mas este dinheiro não é muito porque as despesas de funcionamento e de logística, o vencimento de uma funcionária e alguns serviços gratuitos que prestamos às coletividades, absorvem quase a totalidade de rendimento. Não recebemos qualquer dinheiro da câmara, a não ser quando existe alguma emergência que a junta não possa custear.

Qual o pilar de crescimento de Valado dos Frades? O que pode a junta fazer neste campo?
Temos poucas empresas empregadoras. A Área Empresarial de Valado dos Frades não está concluída. Só agora se apresentou nova candidatura, que aguarda aprovação do Tribunal de Contas. A vinda de novas empresas era muito bom e a junta em conjunto com a câmara promete incentivar e agilizar processos. Em relação à agricultura, tem havido conversações entre a Associação de Agricultores de Valado dos Frades e a Associação de Regantes da Cela no sentido da sua agregação, o que significaria: mais poder reivindicativo, mais área de produção e comercialização de produtos agrícolas em novos mercados.

Qual a sua opinião sobre a descentralização de competências para as juntas de freguesia?
Das três juntas do concelho da Nazaré, apenas o Valado aceitou o plano de delegação de competências. Em regime experimental e ao nível da área desportiva, através da gestão do pavilhão municipal de Valado dos Frades, algo que na prática em parte já era feito. O protocolo é bem-vindo. Aguardamos a todo o momento a sua aprovação.

A sua candidatura para a Presidência da República em 2016 é mesmo para avançar?
A vontade existe, o problema são as dificuldades objetivas para avançar. Estou aqui a cem por cento e nunca se pode pôr em causa o serviço. A junta neste momento está em primeiro lugar, mas se eu reunisse todos os requisitos para avançar com a candidatura não teria qualquer problema em ir a debate.

ORA DIGA LÁ…
Um país:
Portugal
Um autor: Miguel Torga
Um livro: Quando os Lobos Uivam, de Aquilino Ribeiro
Uma música: Banda sonora do filme “Retalhos da Vida de Um Médico”
Um filme: José do Telhado (1945)
Um político: português – Humberto Delgado – estrangeiro, Bob Kennedy

Valado dos Frades
População:
2836 eleitores
Presidente de junta anterior: José Marques dos Santos
Primeira obra que quer realizar: Limpar as margens dos rios do Valado

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