“Todos, todos, todosˮ ou “Tudo, tudo, tudoˮ?

P. Tiago Roque
Pároco de Alcobaça e Vestiaria

Sentimo-nos de coração cheio com cada dia da Jornada Mundial da Juventude. Os jovens que nos visitaram, provenientes de todo o mundo, deixaram a mensagem de que vale a pena seguir Jesus Cristo e que com Ele contruímos uma imensa família espiritual, a Igreja. A esta comunidade de irmãos não pertencem simplesmente o Papa, os bispos e os padres, mas todos os homens e mulheres cristãos de todas as nações. Ainda ressoam, em nós, as palavras do Papa Francisco, o qual frisou que na Igreja todos têm um lugar. Pediu, até, que os jovens repetissem, por várias vezes, aquela expressão que tanto nos tem feito refletir: “Todos, todos, todos.” Na verdade, não terá sido Francisco o primeiro a proclamar esta verdade. Há dois mil anos, já Jesus anunciara que do coração de Deus ninguém é excluído. Apesar das 99 ovelhas que permanecem no redil, é necessário partir e procurar a que se perdeu. Se alguém foi maltratado e permanece como morto à beira da estrada, é essencial ajoelhar-se diante dele e cuidar das suas feridas. Se um salteador, no momento da Cruz, se revela arrependido e pede perdão, cremos que se reabre, para ele, o Paraíso. Portanto, cabe aos cristãos crescer no dom do acolhimento para que todos se sintam parte da grande família. Contudo, “todos, todos, todos” não é sinónimo “tudo, tudo, tudo”. A nenhum homem ou mulher pode ser negada a participação na comunidade. Mas a Igreja não pode aceitar todas as coisas deste mundo. Negar-se-ia. Porque várias atentam contra a dignidade da vida humana e contra a perfeição à qual Cristo nos chama. Assim, inúmeras vezes não será a Igreja quem fecha portas, mas antes a própria pessoa que se tranca a sete chaves e se impede de entrar na mesma. Foi neste espírito de uma Igreja para “todos, todos, todos” que as paróquias do concelho de Alcobaça se reuniram para uma inovação nas Festas de São Bernardo: a Procissão. São Bernardo uniu-nos um dia a todos e este gesto teve por base o mesmo ideal de comunhão. As paróquias, as juntas de freguesia, as associações e coletividades. Enfim, todo o concelho. Todos ao serviço do bem comum, dia após dia. Possam os acontecimentos recentes ensinar-nos a estarmos de portas abertas para todos.

P. Tiago Roque
Pároco de Alcobaça e Vestiaria

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