25 de Abril e consequências

Nuno Alves Caetano
Empresário

À data do 25 de Abril, tinha 17 anos e frequentava o então 6.º ano do Liceu. Como a grande maioria da minha geração, vivia alheado da política, apesar de constantemente me lembrarem ser sobrinho do Presidente do Conselho, Marcello Caetano.
Por esse motivo, e apesar de perceber a preocupação manifestada pelo meu Pai e o seu semblante sombrio, o ponto alto desse dia, inconscientemente, foi o não ter de ir às aulas…
Foi de pouca duração essa euforia pois passados poucos dias, começava a aperceber-me da realidade que me viria tocar pessoalmente cinco meses depois. Efectivamente, e apenas e somente por estar no local errado, à hora errada, e cometer o “crime de lesa Pátria” de ser sobrinho de Marcello Caetano, fui preso, sem mandado de captura, na madrugada de 28 de Setembro, levado para o Ralis após simularem o meu fuzilamento – e posteriormente para Caxias, onde permaneci 56 dias. Sobre este episódio escrevi o livro intitulado “Prisioneiros de Caxias – 28 de Setembro de 1974” onde, além do relato referente à minha passagem por Caxias, há o testemunho de outros detidos e de familiares de detidos, contribuindo assim para repor a verdade respeitante àquela data. Após isso, “democraticamente” foi-me vedado, pelos comités revolucionários à época, o acesso ao ensino superior por ser “fascista”. Ao longo do tempo fui assistindo aos saneamentos selvagens, atingindo familiares e pais de amigos meus e ao início da ocupação de terras, propriedades e casas, nalguns casos, igualmente de gente conhecida ou de amigos.

Nuno Alves Caetano
Empresário

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