A arte e a bíblia (II)

Carlos Araújo
Professor no Colégio Nossa Senhora de Fátima – Leiria

No Novo Testamento, Deus continua a fazer ouvir a sua voz e a sua palavra, mas de modo diferente: no Antigo Testamento servira-Se dos profetas para anunciar a sua mensagem, agora, no Novo Testamento, serve-Se do seu próprio Filho incarnado. Cristo fala e convida o povo à salvação. Uma vez mais, a força da Palavra de Deus é dinâmica e reveladora. Cristo é a revelação da Palavra de Deus, da sua divindade, presente no mundo e nos homens. O que era esperança é agora realidade. Como afirma São João no seu prólogo, «No princípio era o Verbo e o Verbo estava junto de Deus e o Verbo era Deus…» (Jo 1, 1-2). A Palavra é Verbo feito homem. Assim, a incarnação de Cristo é a incarnação da Palavra de Deus; com a incarnação, conhece-se a própria Palavra de Deus, agora de modo real e pessoal em Jesus Cristo. Os apóstolos foram os anunciadores do kerigma, do anúncio de Cristo ressuscitado; foram os continuadores do anúncio da Palavra depois da morte e ressurreição de Cristo. A palavra era, de facto, o tema desse anúncio, que levou à própria identificação com a mesma. Ao mesmo tempo, essa identificação desperta para o convite de Cristo a anunciar a Boa-Nova. Estamos perante um verdadeiro e autêntico mistério da palavra, que é manifestação viva de Cristo, pela ação do Espírito Santo. Daí a importância de dar lugar ao “Serviço da Palavra”, pela necessidade que o homem tem de escutar a Palavra. O homem moderno deve perscrutar a palavra de Deus através dos “sinais dos tempos”. Daí a necessidade de reatualizar, revitalizar e reeducar para o serviço da palavra, de modo que a mensagem divina seja sempre atual. As janelas das igrejas serviram não só para deixar entrar a luz, mas também para transmitir visualmente acontecimentos e verdades bíblicas. Podemos afirmar que, desde sempre, os principais temas dos vitrais de igrejas foram bíblicos, ilustrando cenas do Antigo e Novo Testamento. Há, todavia, exceções, como são, por exemplo, as representações de santos e de mártires. A escolha dos temas não era deixada ao acaso. Todas as pessoas apreciavam o vitral pela sua beleza, riqueza e dignidade, considerando-os um meio privilegiado de partilha e instrução ao alcance de todos os fiéis. Note-se que, na Idade Média, muitos fiéis eram analfabetos.

Carlos Araújo
Professor no Colégio Nossa Senhora de Fátima – Leiria

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