Servindo propósitos de interpretação patrimonial, isto é, de explicação da história e valor de um sítio patrimonial, a música pode usar-se para recriação de ambientes do passado, transmitindo o valor dos sítios patrimoniais e enriquecendo a experiência dos visitantes. Os espaços patrimoniais podem associar-se estreitamente com a música, o que contribui para uma experiência de visita mais rica.

No passado, houve reconstituição de espaços patrimoniais por via de restauros e intervenções arquitetónicas, como no séc. XX no Mosteiro de Alcobaça, com o intuito de devolver o monumento à «pureza» gótica original.

No presente, a recriação de ambientes, quer seja por via da reconstituição de um antigo espaço, como uma cozinha ou botica, quer por via por exemplo da paisagem sonora alusiva à história do sítio patrimonial, pode valorizar o património e enriquecer a visita turística. Com efeito, a recriação de espaços e ambientes, contando a história e histórias do lugar, pode acontecer, por exemplo, através de reconstituição de um espaço, de réplicas de utensílios antigos, de desenhos e maquetes, de reconstituições virtuais 3D ou usando aplicações com realidade aumentada, bem como por via de elementos sensoriais como a música.

Estudos indicam que as técnicas interpretativas podem suscitar emoções mais positivas, mais alto nível de satisfação com a experiência de visita, bem como intenções comportamentais de preservação dos sítios patrimoniais. Na investigação que realizei no Mosteiro de Alcobaça, parti da premissa de que a musicalização dos sítios patrimoniais apoia a sua atratividade e conservação, premissa que testei através de um inquérito com uma abordagem experimental, com inquirição a visitantes em que havia música monástica de fundo e a outros visitantes sem música de fundo. Nos próximos artigos, irei escrever sobre os resultados registados.