“Literatura de viagem sem sair do mesmo lugar” é a 11.ª obra do escritor beneditense António Catarino. Um livro que conta a história do funcionário dos perdidos e achados do aeroporto duma cidade, que ao longo dos anos viu acumularem-se malas nunca reclamadas. Na véspera da reforma, descobre uma de que não há registo e de que não tem qualquer memória. O princípio dos misteriosos eventos que lhe roubam o conforto e paz dum quotidiano inalterado durante décadas.
Ao contrário de anteriores, nesta história o autor tentou construir uma personagem que fosse diferente de si próprio e cuja história não tivesse nada em comum com a sua, visto que, conforme desvenda a’O ALCOA, “geralmente tento «projetar-me» na personagem principal do livro”. Detalhe que considera ter sido um desafio interessante “pois, enquanto autor, permitiu-me afastar completamente dos meus valores e dos meus cenários quotidianos”. Para António Catarino, “cada livro tem sido um degrau que me tem permitido ganhar balanço, no anterior, para subir mais alto, no seguinte”. Uma viagem literária que o tem tornado mais exigente consigo próprio e que lhe tem proporcionado igualmente uma evolução artística e pessoal, pois, conforme especifica, “a escrita funciona muitas vezes como um exercício de catarse, que me permite crescer também enquanto ser humano”.

Saiba mais na edição impressa e digital de 9 de junho de 2022.