Catarina Saraiva. “Trabalhamos sempre na base da honestidade”

Catarina Ferreira Reis
Jornalista

Filha do mestre pasteleiro Saraiva, Catarina Saraiva, de 53 anos, seguiu as pisadas da família e abraçou esta arte com muita paixão, conferindo-lhe o seu toque pessoal.
É ela, o marido Rui Marques e os colaboradores que, no Casal do Amaro, em Alfeizerão, com vista privilegiada para a Serra de Candeeiros, fazem do Atelier do Doce um nome de referência na área da pastelaria.
Catarina Saraiva fala do sucesso desta casa com tradição e inovação.

O Atelier do Doce é hoje uma referência da pastelaria. Fale um pouco deste espaço e da evolução que teve.

O Atelier do Doce abriu em 2006. Foi quando eu e o meu marido o fundámos porque, antigamente, desde 1960, era apenas Pastelaria Saraiva.
Comecei a minha formação em 1990, num curso de pastelaria em Lisboa. Havia uma oportunidade de continuar o negócio dos pais, eu fui para o fabrico e a minha irmã continuou na loja. Comecei, em Évora de Alcobaça, numa instalação que o meu pai me arranjou para fazer face à necessidade de venda de bolos para a Pastelaria Saraiva. Infelizmente, a saúde da minha irmã não permitiu que ela continuasse no negócio de pastelaria. E eu achei que fazia sentido, que o meu marido entrasse no próprio negócio; daí nasceu, ou renasceu, em 2006, o Atelier do Doce. Ainda estávamos em Évora de Alcobaça, nas instalações onde tinha começado, que sofreram alterações para se adaptarem às nossas necessidades, mas ainda assim aquém do que precisávamos. Entrámos no ramo da distribuição. A partir daí, foram solicitando mais quantidades e variedades, o que nos fez crescer. O espaço físico em Évora de Alcobaça não era o melhor, tínhamos de fazer uma intervenção muito profunda para fazer realmente uma fábrica com melhores condições. O meu marido tinha aqui, onde estamos hoje, um armazém de fruta. Viemos para cá, era um espaço muito mais diminuto do que é hoje e começamos, também devagarinho, e desde 2008 estamos neste armazém. Na altura, era um armazém e meio e hoje são seis. Ainda continuámos com armazém de fruta e fabrico de bolos, no mesmo espaço, só que com entradas diferentes. Neste momento é só pastelaria.

Em 2011, trespassámos o negócio da Pastelaria Saraiva para outra unidade de pastelaria. Nessa data começámos a apostar mais na nossa imagem e na nossa marca, Atelier do Doce. Aí apareceu a Box das Cornucópias, a lata que substituímos nos doces conventuais – um marco importante –, pois foi onde apresentámos a nossa imagem inovadora das cornucópias, e todos os anos fazemo-lo. É aqui que também nos posicionamos, aliando a tradição à inovação.
Atualmente, estamos a terminar o projeto iniciado antes da pandemia. É uma obra grande, tínhamos expectável um milhão de investimento, já ultrapassamos esse valor e está quase concluído (pelo menos o maior investimento): a parte de infraestruturas da casa, os balneários, que foram todos renovados, fizemos um pavilhão completamente novo, para dar melhores condições de trabalho aos nossos colaboradores (é fundamental o seu bem-estar). Também adquirimos mais máquinas, que facilitam o trabalho. Não somos uma indústria, se temos máquinas é para nos auxiliar, que em nada vai alterar a qualidade do produto, pois procuramos adaptar as máquinas que compramos ao nosso tipo de produção mais artesanal.

Saiba mais na edição impressa e digital de 25 de janeiro de 2024

Catarina Ferreira Reis
Jornalista

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