A Igreja, toda a Igreja, é chamada continuamente à conversão.

Teve início, no Vaticano, a 16ª assembleia-geral do Sínodo dos Bispos. Num momento, em que todos fomos de novo sobressaltados com um relatório esmagador sobre abusos sexuais cometidos por membros da Igreja (padres, religiosos e leigos) em França. Relatório esmagador pela inimaginável quantidade de abusos e pelo caráter hediondo de cada um desses crimes. Nos anos 70, intelectuais, designadamente franceses, defendiam a legitimidade da pedofilia. No entanto, não há demência elitista ou evolução de mentalidades que diminuía a perversidade dos abusos cometidos sobre crianças e jovens, pois qualquer cristão que leia o Evangelho sabe que a condenação de tais atos não podia ser mais contundente por parte de Cristo: “Ele chamou uma criança, colocou-a no meio deles e disse: ‘Em verdade vos digo (..) Quem receber um menino como este, em meu nome, é a mim que recebe. Mas, se alguém escandalizar um destes pequeninos que creem em mim, seria preferível que lhe suspendessem ao pescoço a mó de um moinho e o lançassem nas profundezas do mar. (…) ai do homem por quem vem o escândalo!”.

Depois das críticas às suas declarações no Chile em 2018, o Papa Francisco tem estado particularmente atento e ativo, com vista a acabar com o também vergonhoso encobrimento que permitiu que os casos se mantivessem e multiplicassem. Infelizmente, por vezes, ainda se ouve alguma declaração de alguém da Igreja “à defesa”, porque noutros contextos “também acontece”. Porém, Cristo não joga à defesa; subiu à cruz. A fé traz responsabilidade. Quando praticados por um cristão, estes abusos são ainda mais reprováveis. E quanto maior o dom, maior a responsabilidade e maior o pecado perante um mandamento do Senhor tão categórico.

O Papa pediu, na Missa que inaugurou oficialmente o sínodo, que este seja “um evento de graça, um processo de cura conduzido pelo Espírito Santo”.

Que o Espírito do Senhor nos converta, mais e mais a cada dia, a todos e a cada um!