Há cada vez mais pedidos de ajuda a chegar às instituições humanitárias e de solidariedade social da região. Cidadãos de outras nacionalidades que vieram para Portugal, à procura de uma vida melhor, mas também pessoas de cá, que têm os seus empregos e ajudam a levar o país para a frente, mas acabam o mês desesperados, porque não sabem como fazer para conseguir colocar comida na mesa. Famílias que vivem uma pobreza envergonhada e que, mensalmente, têm de tomar decisões complexas, como a de pagar ou não a renda da casa, ou do gás, correndo o risco de não conseguir ter dinheiro para fazer face a outras despesas. No concelho de Alcobaça, as organizações registam um grande aumento nos pedidos de ajuda. Pedidos que não se encerram na satisfação de necessidades de subsistência, como a alimentação e vestuário, mas que se centram nas despesas correntes, como a habitação, a água ou até de medicamentos.
Estamos a dois meses do Natal e é natural que brevemente se comece a entrar na onda da solidariedade, que acontece mais visivelmente, uma vez por ano, nesta época do ano, mas não chega. Se é certo que é importante não faltar comida nas mesas destas famílias, pelo menos na noite de Natal, e nas restantes noites do ano? Quantos vão para a cama sem jantar por não ter o que comer?
O problema de fundo é mais complexo e difícil e não se resolve com um cabaz de bacalhau, bolo-rei, azeite, entre outros alimentos, mas talvez ajude muita vontade, resiliência e medidas concretas.
Vivemos numa fase de incertezas, onde quem doava, passou agora também a precisar de donativo e é certo que as instituições públicas não conseguem chegar a todo o lado. Por isso, exige-se outro papel, não apenas a quem dirige, a quem tem a mão social ou a quem tem poder económico. Pede-se a cada um de nós, que deixe de ser mero espectador e que vista a camisola da união, do sentido de comunidade. Para que coletivamente, em parceria e em rede, se ajude, pelo menos quem ajuda a ajudar. Parece tão simples, não parece?