A quadra natalícia é, por estes dias, um assunto incontornável, mas quando olhamos para o Natal sentimos que o verdadeiro espírito se vem perdendo. Os valores morais e os princípios cristãos passaram para segundo plano, dando lugar a outras prioridades, que vêm, muitas vezes, numa caixa gigante, embrulhadas em papel brilhante e laços coloridos, mas que lá dentro pouco mais têm do que aquilo a que tanto se apela: ao consumismo.
Felizmente, não é tudo assim. Não podemos generalizar nem tornar essa característica «imposta» pela temperatura da época como uma verdade absoluta, porque há muitas coisas boas e positivas neste período. As festas natalícias representam uma época de estreitamento de laços de amor e de amizade. Um momento de reconciliação com parentes e amigos, e são, também, uma ocasião para nos lembrar daqueles que já partiram, mas principalmente dos que ainda cá estão. Um dos belos exemplos do espírito natalício é a iniciativa da Santa Casa da Misericórdia de Aljubarrota. A instituição resolveu desafiar a comunidade a apadrinhar um utente do Centro do Dia e da Estrutura Residencial para Pessoas Idosas para lhe realizar um desejo. Desejos tão simples como um creme, um perfume, umas meias, uma boina, ou uma caixa de bombons, entre outros. Na verdade, o conteúdo pouco importa, o que sobressai é a vontade de se querer ligar a alguém que não se conhece, mas que se quer muito conhecer e apadrinhar. Uma ideia que vale, não pela materialização da prenda em si, mas por ser uma forma de criar laços com estes utentes e dar-lhes atenção, pois ajuda a combater a solidão, cultiva a amizade e partilha afetos. Por outro lado, quem apadrinha acaba por estar a presentear alguém fora do seu círculo pessoal com o melhor que existe dentro de nós, com amor, carinho e amizade. Dar «colo» a estas pessoas, que, muitas vezes, por diversas razões, só contam com a família da instituição, é algo que supera qualquer embrulho colorido enfeitado com um laço pomposo. Haverá melhor forma de celebrar o Natal? Feliz Natal!