Entre a violência e a esperança

P. Tiago Roque
Pároco de Alcobaça e Vestiaria

As imagens de destruição têm-nos entrado de rompante no coração ao acompanharmos a guerra entre Israel e o Hamas. Como se não bastasse o terrível conflito entre a Rússia e a Ucrânia, chega-nos uma redobrada preocupação. Cidades e povoações arrasadas, incontáveis mortos e feridos, um sofrimento indescritível no rosto das pessoas. Onde será que tudo isto irá parar? Face a este problema, cujo futuro nos é difícil vislumbrar, importa parar, fazer silêncio e contemplar. As notícias de cada dia não nos podem deixar indiferentes. E se fôssemos nós a enfrentar aquele flagelo? Será que esta guerra irá alastrar para todos nós? O que fazer para pôr um fim a este mal? Quem não tem deixado passar os acontecimentos recentes sem nada fazer tem sido o Santo Padre. Embora se encontre em Assembleia Sinodal com bispos representantes de todo o mundo, com vista a definir os passos a trilhar pela Igreja de hoje, não tem baixado os braços quanto à nova guerra que se iniciou. Tem-se mantido em contacto telefónico com a Paróquia de Gaza. Fiz questão de passar os olhos, várias vezes, por um um vídeo de uma dessas chamadas. Nele é possível ver o Padre Yusuf e duas irmãs a conversar com Francisco. Os seus rostos transmitem-nos cansaço e dor. Mas são também expressão de uma alegria pascal. De uma esperança, que não se pode esbater. Porque Cristo continua connosco e carrega-nos ao seu colo. Não deixamos certamente de nos emocionarmos com as palavras da Irmã Nabila Saleh, que oferece este tempo de sacrifício pelo “fim da guerra, pela paz, pela Igreja e também pelo Sínodo”. O Papa também nos convida a dar algo aos nossos irmãos. Uma marca desde sempre presente na Igreja universal é a solidariedade e cooperação entre as Igrejas locais. Francisco convidou-nos a uma jornada de jejum e oração, na terça-feira passada, para que tenham fim as vagas de conflito e violência a que temos assistido. Quando achamos que já nada podemos fazer uns pelos outros, acabamos por compreender que há sempre algo: rezar. Dediquemos então orações e sacrifícios pelos nossos irmãos, que se encontram no olho do furacão. Um cristão não fecha os olhos ao sofrimento do outro. Que com o contributo de todos ele cesse o quanto antes.

P. Tiago Roque
Pároco de Alcobaça e Vestiaria

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