Estrada D. Maria I /D. Maria Pia – Ideias que viajam

Lúcia Serralheiro
Terra Mágica das Lendas

Do final do século XVIII a meados do século XIX, muitos viajantes nacionais e estrangeiros passaram pela rota D. Maria Pia. Além da utilidade prática das estradas, como caminhos de gentes, seus produtos e animais. As estradas aproximavam importantes terras e monumentos. Nesta rota, Aljubarrota, Alcobaça, Caldas da Rainha e Óbidos, Castelo de Leiria, Mosteiro da Batalha e Mosteiro de Alcobaça faziam parte dos «guias» que os viajantes da época seguiam.
Em 1772, Cornide y Saavedra, iluminista galego, viaja por esses lugares e sobre eles escreve um diário. Nele, o autor fala da Biblioteca de Coimbra, agora elevada a marca de Património Europeu. Depois regressa a Portugal entre 1798 e 1800 e visita a Batalha, Marinha Grande, São Martinho do Porto e outros locais. Na bagagem, leva livros, cadernos e material para escrever ideias. Ser um bom espião ao serviço do Ministro Manuel de Godoy, de Espanha, era também uma das suas funções.
Nesta viagem, este galego passou pela Estrada D. Maria I/D. Maria Pia e sobre ela escreveu nos seus cadernos como eram as estalagens, as vendas e as paisagens, como as salinas de Rio Maior.
Numa época em que se aproximavam as destruições das invasões dos exércitos de Espanha e de França, com eles viajaram ideias e ideais da Revolução Francesa: igualdade, fraternidade e solidariedade. Neste contexto, sopravam ventos iluministas que D. Maria I «virava» enérgica. Desterra o Abade do Mosteiro de Alcobaça, D. Manuel Mendonça, que era sobrinho do Marquês. Foi ele que avançou com os painéis de azulejos da Sala dos Reis e com nova Sala da Livraria do Mosteiro e que D. Maria I visita em 1786. Dez anos depois, em 1796, funda a Real Biblioteca Pública da Corte, que em 1837 passa a denominar-se Biblioteca Nacional. A iluminista Leonor de Almeida Portugal, neta dos marqueses de Távora, mais conhecida por Marquesa de Alorna (por ser mulher), só lá conseguiu entrar com uma autorização especial da rainha. Nos tempos de clausura no convento de Chelas, fizera uma biblioteca de 600 livros, que queria levar para a sua nova residência no Porto, mas que se perdeu nessa viagem.

Lúcia Serralheiro
Terra Mágica das Lendas

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