Evoncando Artur Jorge e alguns factos da “BRIOSA”

Fleming de Oliveira
Advogado

Embora não seja um grande aficionado do futebol, fiquei incomodado com o falecimento (embora não imprevisto), aos 78 anos de Artur Jorge (Braga de Melo Teixeira). Tal como eu nascido no Porto, e quase da mesma idade, brincamos jogando bola de trapos, saltando ao eixo ou lançando o peão. Como jogador de futebol a sério, foi avançado e começou a carreira no FC Porto, antes de rumar à Académica de Coimbra, onde estudou na década de 1960 e com quem privei regularmente, embora ele fosse aluno na Faculdade de Letras. Ao tempo os jogadores da AAC eram estudantes, na maioria universitários. Encontrávamo–nos no Café Mandarim (na Praça da República) e por vezes nos copos, no que era comedido por natureza e razões desportivas, muitas vezes com a companhia do Toni. Foi na Académica que começou a afirmar-se como um dos melhores avançados do campeonato (creio que aí o seu estatuto era semi profissional), o que confirmou como profissional no Benfica, onde jogava o Eusébio, somando golos e troféus. Quando o Benfica jogava em Coimbra, Artur Jorge era recebido com carinho, sem azedume e, raramente, com assobios. Quando arrumou as chuteiras, iniciou a carreira de treinador no Belenenses, depois no Portimonense, antes de assumir, com Pinto da Costa na presidência, o comando técnico do FC Porto. Em 1986/1987 viveu o momento alto da carreira, ao conquistar a Taça dos Clubes Campeões Europeus em Viena de Áustria, com um memorável triunfo por 2-1 sobre o Bayern de Munique e o golo de calcanhar do Madjer. Rumou depois a França, para orientar um Paris Saint-Germain, menos conhecido do que atualmente. E guiou os parisienses à conquista da Taça dos uns corruptos. Na verdade, segundo organizações internacionais fidedignas, a corrupção em Portugal nunca foi tão baixa como é hoje. É certo que, a avaliar pelos recentes processos levados a cabo pelo Ministério Público, até parece que vivemos num país dirigido por gente corrupta, tal o elevado número de acusações que têm sido feitas e que, afinal, não são confirmadas pelos juízes. Até o Primeiro Ministro em exercício aguarda o resultado de uma acusação baseada na escuta de as eleições de Novembro, nos Estados Unidos. Aqui, se Trump vencer, é a instalação do populismo, é a catástrofe para o mundo. de França, o segundo título de sempre como campeões franceses. Por essa altura, em virtude do sucesso, já muitos lhe tinham dado o cognome de Rei Artur. A partir daqui só nos encontramos uma ou duas vezes, sendo a última em 2004 em Gelsenirchen, por acaso e à entrada do estádio. O falecimento de Artur Jorge leva-me a trazer algumas evocações. No dia 25 de Junho, de 1939 a Académica conseguiu a maior conquista desportiva da sua História (até então), ao ganhar a primeira Taça de Portugal, competição que substituiu o denominado Campeonato de Portugal. um qualquer telefonema. Para quando uma decisão judicial a sério? Sendo os políticos a emanação da sociedade em geral, só eles é que são corruptos? Todos nós, trabalhadores indiferenciados, comerciantes, médicos, professores, advogados somos impolutos. A corrupção chegou à classe política e parou. O que os políticos parecem ser é um tanto masoquistas, pois, apesar disso, continuam a exercer política. Depois, os iluminados extremistas atiram-se aos imigranDepois de eliminar o Covilhã, o Académico do Porto e o Sporting, a Académica teve pela frente, no jogo decisivo, o Benfica. Perante cerca de 30 mil espectadores, no Campo das Salésias, a Académica venceu os lisboetas por 4-3. Os festejos duraram dias e Coimbra recebeu em êxtase os seus heróis. Foi nesta altura que se tornou famoso o grito de vitória dos adeptos da Académica: “São horas de emalar a trouxa/ Boa noite, Tia Maria./ Que a Briosa ganhava a Taça,/ Obrigado! Já cá se sabia!”.

No verão de 1961, um jogador da Académica protagonizou a primeira grande transferência de um futebolista português para o estrangeiro. Jorge Humberto, estudante de Medicina, transferiu-se para o poderoso e famoso Inter de Milão. No campeonato de 1966/1967 a Briosa terminou na segunda posição atrás do Benfica, naquele que foi um intenso duelo e que durou até final e acompanhei de perto. Três pontos separaram as duas equipas no final do campeonato, que coroou Artur Jorge como segundo melhor marcador da competição, apenas ultrapassado por Eusébio. Em 1969, a Académica atingiu a final da Taça de Portugal. O jogo decorria com superioridade da Académica que chegou a estar em vantagem, mas o Benfica deu a volta ao resultado no prolongamento. O encontro entre a Académica e o Benfica foi muito mais que um jogo de futebol. A final da Taça de 1969 foi seguramente a mais politizada de todas que se disputaram. A crise estudantil de 1969 estava ao rubro, a Académica estava solidária com os estudantes e a Direção Geral da AAC aproveitou o jogo para dar visibilidade às suas reivindicações. Foi a primeira vez que a final da Taça não teve transmissão televisiva e nem o Presidente da República, nem o Ministro da Educação marcaram presença. A 25 de maio de 2012, após um jejum de 73 anos, a Académica conquistou a sua segunda Taça de Portugal com vitória frente ao Sporting. A Associação Académica de Coimbra, que atualmente joga na terceira divisão do futebol português, é herdeira da secção de Futebol da Associação Académica de Coimbra, o que lhe vale o epíteto de “equipa dos estudantes”, já que até à década de 1970 a grande maioria dos jogadores eram universitários, como referi. É hoje, na prática, um clube independente em relação à casa-mãe, que de resto mantém uma secção amadora de futebol que disputa as distritais, bem como modalidades, como basquetebol, rugby, canoagem, natação, voleibol, ténis, ou andebol. Como as equipas da casa-mãe, é designada normalmente apenas como “Académica”, e carinhosamente de “Briosa”, alcunha que advém da entrega com que normalmente se batiam as suas equipas de estudantes. Um dos acontecimentos mais importantes na década de 1920 foi o nascimento do símbolo que a Associação Académica de Coimbra/AAC adotaria de forma definitiva. Após tentativas que não foram do agrado, a Académica decidiu utilizar um novo símbolo, que contemplava as iniciais “AAC”, numa partida com o Sporting e cujo objetivo era “vingar” a derrota na final do Campeonato de Portugal. Contudo, a Académica seria derrotada e as “culpas” foram atribuídas ao novo emblema que, por isso, foi ostracizado. Na época 1927-1928, o estudante de Medicina, Fernando Ferreira Pimentel, a pedido do dirigente Armando Sampaio, desenhou o atual símbolo, que passou a ser usado e se mantém.

Fleming de Oliveira
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