Influenciador ou Influenciado?

Ricardo Ferreira
Consultor Business Development

O som de um modem a gerar tons dtmf ao efetuar uma ligação telefónica à internet, ou para quem não conhece, os famosos sons de “máquinas a trabalhar” gerados pelos antigos modems ligados à linha telefónica. Este contexto transporta-me para um tempo em que conectividade significava ter uma lista telefônica bem longa, e “networking” significava jantares, bares e cafés.

Apesar de ser do tempo em que estar ligado significava estar disponível telefonicamente, ou aparecer fisicamente em locais públicos e frequentados por um grande número de pessoas, fico a com a sensação de que esta evolução tecnológica exponencial levou-me a vivenciar o equivalente a três gerações: a geração da criação, a geração da implementação e a geração do dado adquirido.

Não sou contra, muito pelo contrário, fui e sou um acérrimo defensor da livre evolução e constante necessidade de mudança tecnológica e pessoal. Ora se no campo da tecnologia reconheço as evoluções e benefícios, já no campo pessoal penso que ficamos muito abaixo da evolução necessária para acompanhar, ou seja no início da evolução tecnológica fomos criando soluções e benefícios para as necessidades pessoais, e nesta altura adaptamos as necessidades pessoais em função das opções tecnológicas que existem, criando e maximizando inclusive nichos de mercado que muitas vezes estão errados ou não acrescentam valor real pois não partem de uma necessidade real. No subproduto desta evolução foram criadas duas classes: os influenciadores e os influenciados. Deixa-me apreensivo a vulgaridade com que ambas as classes são incorporadas e principalmente o passivismo da classe dos influenciados, em que dados e factos são introduzidos já “mastigados e digeridos” criando opiniões e posições vincadas, sem na verdade existir um real interesse ou ponderação sobre os temas. Tornou-se inclusive normal usarmos essas verdades como verdades absolutas ou como bitola do que será normal na sociedade, gerando todos os problemas inerentes à imposição de filosofias e formas de ser não naturais.

Torna-se portanto uma tendência tóxica que molda gerações e sobre a qual é possível influenciar pensamentos, costumes e políticas assentes na idoneidade dos influenciadores.

Num mundo de evolução exponencial é apetecível os atalhos de criar uma falsa bagagem de conhecimento sem o devido preparo, e tento o mais possível desmontar e contestar as ideias pré-feitas pois recuso-me a viver numa sociedade que encarna o ditado popular de que “em terra de cegos quem tem um olho é rei”.

Ricardo Ferreira
Consultor Business Development

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