No Entrudo come-se tudo…

Micá
Maria Carlos Carrola

Quase chegados ao Carnaval, decidimos publicar aqui uma receita típica desta época que Alcobaça vive com tanta intensidade. Mas pensámos, também, em aumentar um pouco os nossos conhecimentos acerca desta festa, razão pela qual, com a devida vénia, aqui reproduzimos um pequeno texto, retirado do livro: Festas e Comeres do Povo Português, da Editorial Verbo.

Em seguida, partilhamos convosco a receita da “Boleima de Maçã”, tão tradicional do Carnaval Alentejano.
“O antigo Entrudo português – caceteiro e ofensivo, avinhado e licencioso, tinha um dito relacionado com a comida: “No Entrudo come-se tudo”. Mas é preciso cuidado com afirmações definitivas: no Entrudo, não tem lugar o peixe, que segundo a sabedoria popular não puxa carroças, e nesta quadra festiva há sempre carroças a puxar, algumas bem pesadas por sinal. O Carnaval é festejado nos dias que antecedem a Quaresma, que começa na Quarta-Feira de Cinzas e se prolonga até à Páscoa.
Mas em rigor, logo a seguir à quadra natalícia, mais concretamente no termo do período dos doze dias que vão do Natal aos Reis, começa a preparar-se o ambiente para o Carnaval. E pode-se dizer que noutros tempos a época carnavalesca começava mesmo no Dia dos Reis, 6 de Janeiro. A partir de então, os domingos eram assinalados por festas já carnavalescas e grandes comezainas, o que levou a apor-lhes o designativo de Domingos Gordos. Assim nasceram as feijoadas de Carnaval, e diga-se desde já que as melhores são as do Norte, com destaque para as transmontanas, enriquecidas com o fumeiro da região.
Na Beira Litoral, faz-se uma feijoada com orelheira, a que se juntam muitos nabos (4 para 1 orelha) e a respectiva rama, tenrinha.
Nas Minas da Panasqueira, há uma feijoada temperada com massa de pimentão, e na qual, do porco, só se usam os pezinhos.
No Porto, toda a gente sabe, fazem-se grandes feijoadas e diga-se enfim que as tripas não seriam o que são se lhes faltasse a saborosa leguminosa. Falta acrescentar que os açorianos juntam à feijoada ramos de funcho, prevenindo assim eventuais flatulências.
Manda a tradição que a feijoada seja sempre acompanhada por arroz, e há uma explicação para o facto: o cereal melhora a qualidade das respectivas proteínas.
No Norte, em princípio, o arroz é de forno, devendo ser servido no recipiente em que foi cozinhado.
Será necessário dizer ainda que as feijoadas são melhores se forem reaquecidas.
O feijão chegou à Europa Ocidental em 1528 e os historiadores atribuem o feito ao Papa Clemente VII que, tendo recebido das Índias Ocidentais umas estranhas sementes em forma de rim, ordenou a um
frade, Piero Valeriano, que as semeasse.

Os resultados finais foram excelentes: além do mais, os frutos produzidos (baptizados com o nome de fagioli, por fazerem lembrar as favas) eram agradáveis ao paladar. Quando Catarina de Médicis viajou para Marselha, para casar com o Duque de Orleães, futuro Henrique II, o frade Valeriano explicou-lhe que os homens também se conquistam pelo estômago e meteu-lhe na bagagem um saco com feijões.
Parece que o frade tinha toda a razão.”

INGREDIENTES:
● 3 chávenas de farinha
sem fermento
● 1 chávena de azeite fervido
● 1 chávena de leite
● 1 pitada de sal
● q.b açúcar amarelo para
polvilhar
● q.b. canela para polvilhar
● 6 maçãs
CONFECÇÃO:

  1. Peneire a farinha para
    um alguidar, junte uma
    pitada de sal, o leite e o
    azeite já arrefecido.
  2. Amasse e trabalhe
    bem até formar uma bola
    lisa. Tape com um pano e
    deixe repousar num local
    quente durante 1 hora.
  3. Entretanto, descasque
    as maçãs e corte-as em
    fatias bem finas. Forre um
    tabuleiro de ir ao forno
    com papel vegetal.
  4. Depois de passado o
    tempo indicado, divida a
    massa em duas partes
    iguais. Numa superfície
    plana e enfarinhada estique
    com um rolo cada
    uma das partes.
  5. Coloque uma das partes
    da massa no tabuleiro
    e polvilhe com o açúcar e
    a canela previamente misturados.
    Coloque agora as
    fatias de maçã e polvilhe
    novamente por cima.
  6. De seguida, disponha
    a outra parte da massa
    por cima do preparado
    anterior e una bem em
    toda a volta com a ajuda
    de um garfo.
  7. Polvilhe de novo com
    açúcar e canela e leve
    ao forno a 180º durante
    40/45 minutos.
  8. Deixe arrefecer, corte
    em quadrados e está
    pronta a servir.
    NOTA:
    Se gostar, pode acrescentar
    nozes picadas ao
    recheio.
    As Boleimas, sendo um
    doce tradicional do Alentejo,
    ficam muito melhores
    se forem confeccionadas
    com a maravilhosa
    Maçã de Alcobaça

Micá
Maria Carlos Carrola

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