Há duas obras matemáticas que são dos livros mais estudados no mundo ocidental, a par da bíblia. São eles: “Os Elementos” de Euclides (século III a.c) e o “Livro do Ábaco” de Leonardo Fibonacci (1170-1250).
Se a primeira obra marcou o início da axiomatização da geometria – tal como hoje é ensinada nas escolas – a segunda obra é uma compilação de grande parte do conhecimento adquirido por matemáticos árabes e judeus, do qual destaco o sistema decimal de numeração usado até hoje.
Mas a influência desta última vai muito mais além. Os números de Fibonacci 1,1,2,3,5,8,13,21,… – que constam na mesma obra – representam mais do que uma simples progressão infinita e enumerável, obtida através da soma dos dois números anteriores. Por exemplo, estes permitem-nos descrever numericamente a árvore genealógica do zangão numa colmeia (sabendo que o macho só possui uma mãe, e a fêmea um pai e uma mãe).
Se o leitor, além de calcular mais termos adicionais da progressão acima, dividir sucessivamente o número que gerou pelo que obteve anteriormente, irá verificar que as sucessivas divisões se aproximam de 1,618… – a célebre proporção áurea utilizada por Leonardo Da Vinci (1452-1519) para produzir a obra “Tratado de Anatomia”.
Omnipresentes na natureza e em logos de marcas como Boticário, Pepsi e Apple – só para enunciar alguns exemplos entre vários – os números de Fibonacci ainda hoje me surpreendem. Como admirador confesso da obra de Fernando Pessoa, ainda hoje me questiono se este, ao assinar o célebre poema “O binómio de Newton é tão belo como a Vénus de Milo” como Álvaro de Campos, sabia que as somas dos números dispostos ao longo das sucessivas diagonais do triângulo de Pascal também geram os números de Fibonacci.