Os Canteiros da Benedita II

João Luís Maurício
Professor de História aposentado

Os canteiros da Benedita eram homens habilidosos, verdadeiros artistas formados no terreno. Manejavam o escopro e a maceta com grande mestria. Trabalhar a pedra era uma atividade que foi passando de geração em geração. Eram eles que, que nas pedreiras, na zona serrana da freguesia da Benedita, como por exemplo, na região do Casal do Guerra, cortavam a pedra, usando métodos ancestrais.
Foram os anos cinquenta do século passado, a época de ouro das pequenas e rudimentares oficinas de cantarias. A pedra trabalhada que daí saía, foi usada em inúmeros edifícios.
Júlio Cismeiro, empreiteiro que construiu a Igreja Nova da Benedita, abriu muitas portas aos pequenos industriais da área da pedra. Foi o caso da Igreja de São João Baptista, de Coruche, inaugurada em 1958.
O mesmo Cismeiro, empreiteiro dessa obra religiosa ribatejana, foi buscar uma parte da pedra para o templo, a uma pedreira beneditense.
O professor de História Mário Justino Silva, autor da obra comemorativa do 50º aniversário da dita igreja, escreveu textualmente: “A pedra que reveste uma boa parte do exterior da igreja veio da Benedita”.
Nesses tempos, os canteiros começavam a trabalhar logo que o sol nascia e terminavam, quando o sol se punha para os lados da Ribafria. Deslocavam-se para as pedreiras, a pé ou de bicicleta: levavam consigo o seu modesto almoço numa cesta de verga ou numa saca de pano.
Se as pedreiras se situavam perto da sua habitação, ou mesmo, até aos Candeeiros ou Freires, e se o tempo estivesse bom, eram as respetivas mulheres que levavam o almoço com a comida ainda quente aos maridos e aos filhos.

João Luís Maurício
Professor de História aposentado

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