Os pássaros ou o segredo da liberdade

P. Tiago Roque
Pároco de Alcobaça e Vestiaria

Volvidos praticamente 50 anos do 25 de Abril, importa que paremos para refletir sobre a liberdade. Seremos de facto livres nos gestos que assumimos? Não andaremos nós cegos? Em que consiste ser livre?
Na vida, há sempre margem para nos surpreendermos. Ao passar os olhos pela simples biblioteca da minha prima de seis anos, deparei-me com uma história que pode fazer toda a família crescer: “Os Pássaros”, de Germano Zullo e Albertine. Neste livro, que privilegia as imagens e é muito parco em palavras, fala-se de liberdade e pequenez. Um homem abre a porta de trás da sua carrinha, da qual saiem os pássaros mais diversos, de diferentes cores e feitios. Irrompem num voo conjunto pelos céus. Uma visão que ilustra perfeitamente a cooperação e o desejo de que o outro seja livre de verdade. Mas a imagem mais curiosa desta obra é a do bando a voltar para junto do homem e a segurá-lo em pleno trabalho de equipa. Assim, as aves dão-lhe as suas asas para que também ele possa voar. Esta história, que deve ajudar muitas crianças a adormecer, havia de ser meditada com atenção pelos adultos dos nossos dias. De facto, não consigo concordar com a expressão: “a minha liberdade termina onde começa a do outro”. É expressão de um mundo que vai teimando num individualismo doentio quando o caminho parece ser a construção da comunidade. Tornar-nos-íamos mais felizes.
A entreajuda e a reciprocidade continuam a ser o segredo. Se eu potencio o bem do outro, também eu sou feliz. Em suma, “a minha liberdade começa onde começa a do outro.”

P. Tiago Roque
Pároco de Alcobaça e Vestiaria

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