Património «5G»

Ana Caldeira
Diretora do jornal O ALCOA

No último editorial referi-me ao extraordinário exemplo do concelho do Fundão que apostou nas novas tecnologias.

Se é um erro navegar à vista, sem estratégia nenhuma, erro seria também se todos os municípios fossem agora aplicar a mesma receita. Ora, em Alcobaça, há um capital cultural que nunca foi devidamente explorado: o nosso património dos Antigos Coutos de Alcobaça que, para além do valor excecional do Mosteiro de Alcobaça, tem o grande mérito de se distribuir pela região e ligar o centro do concelho às várias freguesias. Capital desaproveitado continuadamente por anticlericalismo ou miopia. Já sabemos que ao Estado central, que tem sucessivamente transferido museus «menores» para as autarquias, só interessam os grandes monumentos como o Património Mundial da UNESCO. Nunca será daí que virá qualquer interesse ou promoção de interligação do Mosteiro de Alcobaça com o património dos coutos que vai caindo abandonado. Há uns anos atrás, foi apresentado aqui em Alcobaça o extraordinário exemplo da Fundação Santa María la Real, que de um recurso patrimonial em ruína, numa localidade de pequena dimensão de Leão, em Espanha, se transformou, em 30 anos, num motor de desenvolvimento económico e social, com projecção internacional e financeiramente lucrativo, com uma ampla diversidade de empresas e serviços. Um dos seus grandes projetos é a recuperação do património românico, com a recuperação de dezenas de igrejas e edificações românicas nas províncias Leão & Castela, Extremadura e até em Portugal.
Para além do restauro, a sua ação estende-se à ação social, turismo, educação, publicações, consultoria, projetos europeus. É uma fundação que partiu de um grupo de pessoas ativas e que se ligaram ao conhecimento. Não é preciso saber muito de turismo para classificar a aposta local e nacional num hotel no Mosteiro de Alcobaça como um exemplo de «economia 1.0». Quando Alcobaça poderia ser antes um exemplo de Património «5G»: motor de desenvolvimento, participado, fundado no conhecimento, sustentável. Talvez um dia!

Ana Caldeira
Diretora do jornal O ALCOA

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