Perguntas… Perguntas… E as respostas?

Afonso Luís
Bancário aposentado

Aparato a mais, eficiência a menos. É o que o recente caso de corrupção na Madeira parece sugerir. Aparato… Aparato… (exemplo: no momento em que escrevo, apenas um dos detidos deste caso da Madeira começou a ser ouvido – uma semana depois da detenção – quando a lei determina que os detidos para interrogatório devem ser ouvidos nas primeiras 48 horas). É assim nos processos que conhecemos, levados a cabo pelos Procuradores do Ministério Público. Algumas perguntas (sem resposta até agora): José Sócrates foi detido em 2014. Passados dez anos, quando vamos ter uma decisão? Condenação? Absolvição? Rui Rio, tido como pessoa honesta, foi recentemente alvo de buscas, viu a sua residência virada do avesso. Porquê? E para quê? O mais recente e mediático caso, a operação influencer, começou por determinar a detenção de cinco personalidades durante uma semana. O juiz de instrução, não concordando com a decisão do Ministério Público, ordenou a libertação dessa gente. Quem é que repara os danos causados na imagem daquelas pessoas e os enxovalhos sofridos? Quem responde pelas preocupações e sofrimentos dos respetivos familiares? Quem repõe a ordem nas residências, causadas pelas revistas minuciosas, em que fica tudo de pernas para o ar? Quem “obriga” a que o Primeiro Ministro se demita, e provoca a queda de um governo de maioria absoluta que, justamente em 2023, obteve o maior crescimento económico na União Europeia, com 2,3%, contra os 0,8% da média dos países europeus? Para quando o julgamento dos cinco indivíduos que estiveram detidos? E detidos, porquê? Para quando os devidos esclarecimentos sobre as suspeitas que impendem sobre o Primeiro Ministro? E se, como agora nos vêm dizer, João Galamba foi o mentor de tudo isto, por que razão ele não foi detido? Talvez daqui por dez anos possamos formular estas mesmas perguntas. Talvez… Por agora, acrescentemos mais esta: O Presidente da República e a Procuradora Geral da República estão de “mãos limpas” em todo este processo? Pessoalmente, espero bem que sim. Para concluir: é moda dizer-se mal da classe política. Uma moda de mau gosto, como se a retidão e a honestidade fossem apanágio apenas dos não políticos. Claro que numa democracia autêntica, os dois poderes, o legislativo e o executivo, devem ser alvo de vigilância atenta, por forma a evitar abusos ou atos de corrupção. Aqui entra o poder judicial. Tudo bem. Mas… o pior é o aparato a mais e a eficiência a menos. E também a falta de resposta às questões enumeradas.

    Afonso Luís
    Bancário aposentado

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