ROTA ESTRADA D. MARIA I / D. MARIAPIA /Jornadas Europeias do Património – Moleanos de Aljubarrota

Lúcia Serralheiro
Terra Mágica das Lendas

Moleanos, ao longo da Estrada D. Maria Pia, no sopé da Serra dos Candeeiros, à direita do IC2 de quem vai para norte, é nome de duas freguesias: Moleanos de Évora de Alcobaça e Moleanos de Aljubarrota. A velha estrada real, agora alcatroada, une os seus habitantes que partilham recursos e infraestruturas, sejam de uma ou de outra freguesia. O limite entre as duas faz-se pelo Furo de Água situado à beira serra a partir da década de 70 e antes, Segundo contam, o ponto de referência era o Penedo Rosa, também desse lado e assim chamado por estar junto à casa do senhor Rosa que já não existe lá. “Água e pedra” é desde o início desta rota o assunto que Rosalina Martins, natural de Chiqueda de Aljubarrota, abraçou para dinamizar a Rota da Estrada D. Maria Pia nos Moleanos, em conjunto com a população ao longo desta primeira estrada Lisboa-Porto, construída segundo o Alvará, que D. Maria I assinou a 28 de março de 1791. Recolheu testemunhos de algumas pessoas que se disponibilizaram a contar as suas memórias, para que as suas palavras constassem do texto, que se pode ler no totem, pequena coluna de pedra com chapa inoxidável e com código QR gravado, inaugurado no dia 23 de setembro. Conta-se que um chefe militar que por lá conduzia as suas tropas lhes gritava em certo ponto da estrada para que passassem depressa, porque o chão podia abater e morriam todos afogados. O totem está junto da tília, a árvore desta rota, plantada a 25 de março, em memória dos antepassados que por aqui passaram ou aqui viveram e da primeira mulher, rainha de Portugal D. Maria I, também conhecida pelo cognome de D. Maria Pia. Em conjunto com o seu ministro José de Seabra da Silva assinou em 1791 Alvará para a construção da estrada e em 11 de março de 1796 no palácio de Queluz entre outros regulamentos o de conservação das estradas onde se pode ler: “se alguém arrancar, cortar ou quebrar alguma [árvore], o faça saber ao Magistrado, que lhe ficar mais vizinho, que imporá ao delinquente, abonado, a pena das despesas necessárias para se plantarem no mesmo sítio e na borda das estradas dez árvores da mesma espécie, e sendo pobre será condenado a seis dias de trabalho, nas estradas públicas.” A data, de 23 de setembro, foi coincidente com um dos dias das Jornadas Europeias do Património, este ano o tema Património Vivo, dando relevo às memórias do património imaterial, tradições, contos e outras memórias dos nossos antepassados, pés descalços de homens, mulheres e crianças e viajantes portugueses ou estrangeiros em caravanas de carros puxados por animais. Também militares franceses, ingleses e espanhóis pisaram este chão, assustaram populações e ‘se passearam’ de ideias revolucionárias e outras que não eram como na guerra civil. Passam por aqui atualmente as redes sociais da internet e disso a pequena coluna de pedra junto à tília, o totem, oferece-nos fotos e palavras da nossa memória e identidade coletiva de que se pretende conversar. A Terra Mágica das Lendas agradece a todos os que colaboraram e a José Lourenço, presidente da Junta de Freguesia de Aljubarrota pelo empenho nesta rota.

Lúcia Serralheiro
Terra Mágica das Lendas

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