Como dizia o outro, prognósticos só no fim do jogo.
Parece-me que, como trabalho no ensino superior, me calhou em termos profissionais, a melhor ministra do novo Governo. Cada um tem a sua opinião. Eu atribuo aos políticos mais valor e confiança quando começam por ter uma carreira profissional independente da política. Também tenho ouvido nos média desvalorizar a questão de os ministros não terem formação robusta específica na sua pasta. Por exemplo, chocou-me ouvir o inteligente jornalista Ricardo Costa dizer sem rodeios que Duarte Cordeiro, tendo sido responsável pela campanha obtendo bons resultados eleitorais, teve como prémio a subida a ministro… do Ambiente.
Ora, talvez esteja errada, mas uma das razões que me leva a pensar que o ensino superior ficou bem servido de ministra é justamente porque a cientista Elvira Fortunato se distinguiu de forma excecional na sua carreira profissional e percebe muito de ensino superior, ministério que vai dirigir. Já a Educação continua a preocupar-me muito. O agora ministro João Costa, depois do seu despacho para dois excelentes alunos retrocederem dois anos letivos por causa da disciplina de Cidadania, desmerecia na imprensa, em dezembro, a avaliação por exames, censurava os programas exigentes e as críticas à indisciplina nas escolas. Preocupa-me muito esta visão da Educação que, em meu entender, desvaloriza o saber. E as turmas sem professores. E a indisciplina frequente, potenciada pelo facto de o país ainda não ter ultrapassado o trauma da autoridade salazarista. E os professores desmotivados pela burocracia e desrespeito de alguns alunos e pais. Bem como os alunos mais fracos serem hoje muitas vezes os que entram para os cursos de ensino, com notas de ingresso mais baixas pelo desprestígio e baixos salários da profissão. Não sei se para o ministro, tudo isto tem importância; para mim, para muitos e para o futuro de Portugal a qualidade do ensino público tem muita.
Que no fim do «jogo», o prémio seja para Portugal. É o que todos queremos.