A Benedita e D. António de Castro Xavier Monteiro

João Luís Maurício
Professor de História aposentado

A história que aqui deixo hoje, foi-me contada pelo saudoso Padre Tiago Tomás. O sacerdote, pároco da Benedita, deixou-nos os detalhes com uma graça que lhe era caraterística.

No dia 1 de fevereiro de 1970, o Bispo de Mitilene, D. António de Castro Xavier Monteiro fez uma visita pastoral à Benedita. Era um homem muito simples, de fino trato, muito inteligente e tinha fama de ser um pouco reservado. Genuinamente minhoto, havia nele, paradoxalmente ou talvez não, algo de aristocrata. Senhor de uma vastíssima cultura, um intelectual que, ao mesmo tempo, era um bispo muito próximo das pessoas. Pintor, escritor, estudioso de Música, Literatura e História. Ia com frequência à Ópera ao São Carlos.

Fora bispo coadjutor de Vila Real, onde o Cardeal Cerejeira, conhecedor das suas qualidades, o “fora buscar” para ser seu auxiliar no Patriarcado de Lisboa.

O Padre Tiago, com a perspicácia que o caraterizava, meio a medo, teve a ousadia de lhe perguntar, em jeito de vaticínio: “- Quando o Sr. Bispo for nomeado para outra diocese, não mais poderá ir ao São Carlos. Como é que se irá sentir»? E D. António de Castro parou para pensar e com um grande sorriso e uma dose de fina ironia, disse: «- Como Cristo na Cruz».

Passados dois anos, em 1972, foi nomeado Bispo de Lamego, onde realizou um longo trabalho pastoral que foi notável e onde, ainda hoje, é recordado com saudade.

Afinal, o São Carlos era, apenas, um apêndice na sua vida!

João Luís Maurício
Professor de História aposentado

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