“A escola tornou-se num ato burocrático e isso desprestigiou a Educação”

Foto por Sara Susano

PERFIL

Nome: António Fraga de Oliveira
Data de nascimento: 10 de maio de 1949
Naturalidade: São Pedro do Sul
Formação Académica: Curso de Mestrado Primário, Professor de 1º Ciclo
Período de exercício de profissão: 33 anos, de 1979 a 2012

Confidências
Um país? Cabo Verde
Um livro? Doutor Jivago
Um grupo? Rolling Stones
Um político? Salgado Zenha

Foi nos concelhos de Alcobaça, Caldas da Rainha, Marinha Grande e Leiria que António Fraga de Oliveira exerceu a sua atividade de professor do ensino básico. De “corpo inteiro”, o que o tornou um professor reputado. Em discurso direto, a memória e o olhar de mais de três décadas ao serviço da Educação.

Quando é que se aposentou? O que o levou a fazê-lo?
Aposentei-me há cinco anos. Para além da idade, aposentei-me devido às complicações e burocracias que o Ministério da Educação estava a impor aos professores. Foi essencialmente por toda a confusão que se gerou na Educação e a falta de dignidade profissional que isso provocou ou mesmo a perda dela. Transformou-se a escola num ato burocrático e isso desprestigiou a Educação e desprestigiou-me a mim. E, portanto, saí para dar lugar aos novos.

Que desafios enfrentou enquanto professor? E agora, que desafios enfrentam os docentes?
As escolas eram, naquela altura, um local onde se exercia a profissão consoante os meios que se tinham. A escola, neste momento, tem praticamente tudo e acaba por não ter tempo para usufruir desses meios. Hoje os professores enfrentam a ausência de dignidade porque denegriram a profissão de professor. As crianças com necessidades educativas especiais foram trazidas para as escolas sem que as escolas fossem apetrechadas para as receber e isso traz problemas imensos. Há uns tempos atrás, os pais e os educadores compreendiam a escola como um local onde se ia aprender e não um local onde se armazenavam crianças.
O que o levou a escolher ser professor de ensino básico?
Foi uma questão de vocação. Primeiro porque em casa se discutia muito a questão da Educação. A minha mulher já era professora do ensino básico quando eu fui tirar o curso. Eu tinha o 7º ano de Ciências, depois fui tirar o 7º ano de Letras e depois fui tirar o curso. Mas a razão essencial é que eu gosto das crianças e gosto do sorriso desinteressado e espontâneo da criança quando me recebe de manhã. Ainda hoje vou à escola e estou numa situação privilegiada porque vou à escola e eles sabem que eu vou lá brincar ou contar uma história. Mas quando vou à escola o que eu gosto é desse sorriso desinteressado e espontâneo das crianças e aquela alegria que eles nos transmitem no dia-a-dia.

(Leia a entrevista na íntegra na edição em papel e digital de 18 de fevereiro de 2016)

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