A alegria da viagem está sempre na bagagem. Ir na viagem é deixar a alma crescer na bagagem. Apesar de a mala ir cheia no regresso traz mais do que levou. A balança não acusa, no aeroporto ninguém impede a passagem, mas a mala vem sempre muito mais cheia da viagem. A mala que levamos vem repleta de novos locais, novas experiências, novas aprendizagens, novas memórias que enchem a bagagem. Quanto maior for a viagem, mais cheia vem a bagagem e não adianta ter medo da mensagem. Na viagem a realidade é sempre muito diferente do quotidiano, também causando ansiedade, mas aumentando a bagagem. Se tivermos medo da viagem, não vamos aumentar a bagagem. Se não aumentarmos a bagagem a nossa viagem vai ser apenas uma passagem. Ir, ver, ouvir, sentir e provar é uma passagem que torna mais bonita a nossa viagem. A viagem da vida pode ficar repleta de mais bagagem se pousarmos em cada momento enriquecer a nossa passagem. Ir, ver, ouvir, sentir e provar é sempre uma forma de desafiar a nossa passagem.
Além dos limites das fronteiras temos acesso a realidades que não existem antes da viagem. Os monumentos são-o lá e cá, os rios são-o lá e cá, as montanhas são-o lá e cá, a comida é-o lá e cá e, tudo de lá existe, existe cá. O que existe cá é muito semelhante ao que existe lá. De cá levamos a passagem apressada sem possibilidade de grande miragem, de lá trazemos a comparação com o que cá existe e a sua valorização. Ir, ver, ouvir, sentir e provar o de lá permite valorizar o que cá completa os nossos dias e a passagem apressada que fazemos.
Os monumentos, os rios, as montanhas, a comida e tudo mais de cá passa a ser visto, sentido, ouvido e provado de forma diferente e muito mais consciente.
O melhor da viagem é a bagagem e o regressar ao ritmo de correria da nossa passagem. Não tenhamos medo e vamos de viagem para que o regresso seja uma forma de engordar a nossa passagem.
Vejamos e provemos tudo de lá para que cá consigamos sentir e ouvir o quão Portugal é a uma península dividida que não é uma miragem.