Nestes meus apontamentos para O ALCOA, tenho evitado abordar questões políticas tout court, sejam elas locais ou nacionais.
Desta vez, neste regresso ao trabalho e das férias que o jornal também usufruiu, vou fazer uma exceção (perdoem-me a nossa diretora Catarina Reis e os leitores), comentando o “tempo que passa por aí” e evitando vestir a camisola “laranja”, que gostosamente adquiri há perto de 50 anos e tenho na gaveta para utilizar em momentos especiais.
Como muitos portugueses e a maioria dos alcobacenses, entendo que o Governo Costa está a desperdiçar a maioria absoluta, por se centrar no imediato, no impacto da guerra na Ucrânia, sem revelar capacidade de, a par disto, se debruçar sobre questões de médio/longo prazo ou alcance, ao invés de procurar com idoneidade consensual as questões estruturantes, em suma, de intentar uma política consensualizada.
A Justiça, a Educação (sem esquecer a arrastada questão dos professores…e o veto presidencial), a Saúde, a Segurança Social, são matérias sobre as quais haveríamos que ter uma política consensualizada. Não quero dizer com isto que todos os partidos tenham que pensar ou propor o mesmo (PSD e PC ?), falar em uníssono, mas que tem que haver eixos estruturantes. Claro que a ideia não é nova, nem original, mas uma pecha nacional. É mau, muito mau mesmo para o País que, sempre que venha um novo governo, se confronte com o desfazer o que anterior andou a fazer.
Neste sentido recordo um político, aliás comprometido com o partido do atual governo, que disse há dias que Portugal é uma cobaia.
Sobre a Comissão Parlamentar de Inquérito sobre a tutela e política de gestão da TAP, entendo que o essencial (“a gestão das empresas públicas, a situação da TAP e o seu futuro”) não foi verdadeiramente discutido, pelo menos tendo em nota o que a televisão mostrou à saciedade e ad nauseam. A CPI foi alimentada com questões laterais, menos relevantes, afinal com a intriga política e as notícias sensacionalistas, fáceis de noticiar, de digerir e que dispensam análise por quem sabe e não se socorre do improviso.
Bom trabalho, paz e saúde, caros leitores, neste regresso ao quotidiano.
E deixemos a intriga.