António Vicente, um beneditense na Primeira Guerra

João Luís Maurício
Professor de História aposentado

Foi complicadíssima a vida de alguns soldados beneditenses que estiveram na Primeira Guerra Mundial
Deixamos aqui hoje a referência ao soldado nº 377 – António Vicente. Natural do Pinheiro, na zona sudoeste da freguesia da Benedita, era solteiro e filho de Manuel Vicente e Maria Michaela. Pertencia ao R. I. 7. Era frontal, corajoso e sensível às questões relacionadas com injustiças, segundo os seus camaradas de armas.

Embarcou rumo a França, em 29 de janeiro de 1917, e regressou a 19 de abril de 1919. A 18 de maio de 1918, Vicente foi punido com 60 dias de prisão correcional por, segundo documentos militares a que tivemos acesso, ter “praticado atos destacados de indisciplina”, procurando evitar que os oficiais lhe dessem ordem para marchar para as linhas da frente, infringindo assim, os deveres dos números 1-2-3-4-5-6-11-15-24-25- e 36 do artigo 4 do Regulamento de Disciplina Militar. O comandante do Corpo Expedicionário Português, o General Tamagnini, elaborou um Relatório, onde afirma que a revolta “foi instigada” por soldados do Batalhão de Infantaria n.º 7.

António Almeida, agricultor beneditense, há muito tempo falecido, disse-me que António Vicente lhe tinha contado, de viva-voz, que o que lhe tinha valido fora a mediação do General Gomes da Costa, mais tarde Presidente da República. Este militar livrou-o de uma pena bem mais pesada.

Há uma explicação para este comportamento. O Regimento de Infantaria (B. I.) n.º 7 foi muito sacrificado, quer pelo número de mortos e feridos, mas também pelo longo período passado nas trincheiras, sem ser substituído. Havia, na unidade leiriense, um ambiente de exaustão. Daí até à insubordinação, foi um passo! O tema tem sido alvo de vários estudos por parte dos historiadores militares.

Por motivos diversos, foram punidos outros militares beneditenses, a saber: Silvino Rodrigues Serrazina, Manuel da Silva Castelhano, Manuel do Couto, José Pedro e Adelino Justo Rebelo.

Ficará para outra oportunidade, fazer referência a outros beneditenses que estiveram em terras francesas e cujo percurso militar foi por nós desvendado.

João Luís Maurício
Professor de História aposentado

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