Nesta edição, destaque aos nossos irmãos imigrantes que clamam nos ecrãs do País, com o seu abandono.
“Assim fala o Senhor do universo: ‘Praticai uma verdadeira justiça e excedei-vos em bondade e compaixão, cada um para com seu irmão. Não oprimais a viúva e o órfão, o estrangeiro e o pobre’” (Zc 7, 9-10). Entre a tríade bíblica da referência aos mais pobres, estão os estrangeiros. Para conhecer o fundo da pobreza, Deus também quis que o Seu filho logo roçasse a miséria no Seu nascimento num curral e, mais tarde, fosse “estrangeiro”, um imigrante, na fuga da Sagrada Família para o Egito.
É de louvar o gesto da autarquia de Alcobaça de abrigar um número considerável de timorenses, enganados por intermediários sem escrúpulos, desnutridos e indigentes.
No entanto, façamos mais. Temos relatos de empresários com imigrantes a bater-lhes à porta a pedir trabalho, alguns sem saber uma palavra de português, vivendo em espaços sobrelotados, sobretudo os que chegaram mais recentemente. Para além das razões humanitárias, sendo esta mão de obra tão útil na região e no país, é preciso uma política muito mais estruturada e eficaz de integração, como apontam os empresários que ouvimos. Chegam muitas vezes sem quaisquer qualificações e bloqueados pela barreira linguística, quando não vítimas de redes criminosas. Como refere nesta edição Andreia Dias, a nova diretora técnica do Centro Paroquial da Vestiaria a outro propósito, também aqui se tem de ir além de uma abordagem assistencialista: “dar a cana e ensinar a pescar”. É do interesse do País que se invista na sua formação e qualificação, bem como, a nível regional e local, é importante criar uma rede organizada e eficaz de acolhimento e integração que inclua as entidades públicas como as autarquias, os centros de emprego, estabelecimentos de ensino, associações empresariais e instituições de apoio social, como paróquias.
Juntos façamos mais como o Senhor nos pediu. Nos pede.