Uma expressão de Jesus que sempre me marcou foi a de que os cristãos viriam a pôr em prática coisas como as que Ele mesmo realizou e ainda maiores (Jo 14, 12). Isto é, Ele continua a agir por meio de homens e mulheres concretos. Em pleno mês de maio, em que recordamos a primeira aparição da Virgem Maria aos pastorinhos, podemos fixar as atenções na nossa pequena Jacinta.
Conta a Irmã Lúcia, nas suas “Memórias”, que, encontrando-se perdido um jovem, surge Jacinta, que o ajuda a orientar-se e a caminhar de volta a casa. Diz Lúcia: “Ora bem, ele afirmava que a Jacinta lhe tinha aparecido, que a tinha reconhecido perfeitamente”. Lúcia terá ido questionar a menina acerca desta obra de caridade. A reação da pastorinha foi muito curiosa e dá que pensar: “Perguntei à Jacinta se era verdade ela lá ter ido ter com ele. Respondeu-me que não, que nem sabia onde eram esses pinhais e montes onde ele se perdeu. “Eu só rezei e pedi muito a Nossa Senhora por ele, com pena da tia Vitória…””. Poderá tratar-se de um fenómeno de bilocação. Isto é, a pessoa encontrar-se em dois espaços diferentes no mesmo e preciso momento. Podemos descobrir esta graça na história de vários outros santos. Não haja dúvida que pela força do amor de Deus tudo é possível. Não ponhamos limites à sua criatividade. E não nos foquemos simplesmente num milagre que poderá ter sucedido. Jacinta era sem dúvida um pequeno grande tesouro. Com ou sem milagres. Foi e é ainda hoje uma clara manifestação da compaixão e da misericórdia divina.
Está nas nossas mãos pôr em prática coisas grandiosas. O que é que poderá haver de maior do que o amor de Deus? O mundo eleva-se ao contemplar o que de melhor sucede entre nós. Realidades maravilhosas continuam a revelar-se. Extraordinárias e não tanto. Tudo fruto do amor de Deus.