Entre perplexidades, confiança no Amor infalível.

Que alegria temos de ter perante uma ordenação sacerdotal, perante um jovem pároco! Digo isto não por aquela atitude tão entranhada na sociedade de culto da juventude, na senda do “eternamente jovem”. Digo isto porque me interpela e muito me alegra que, neste tempo de culto da riqueza e do prazer, haja jovens que continuam a aceitar o convite do Senhor a um despojamento tão radical. Num tempo em que um padre já não é, muitas vezes, tratado com deferência, mas até, por vezes, desvalorizado numa sociedade que facilmente confunde a árvore com a floresta, é preciso muita coragem – sempre, mas talvez mais ainda atualmente – para seguir a vocação religiosa e entregar a vida de forma tão absoluta a Deus, a cada começo servindo uma comunidade de desconhecidos. É preciso muita coragem!

Mas aí está o símbolo da confiança entre nós: a cruz diocesana que convoca para as Jornadas Mundiais da Juventude está de passagem por estas terras de Cister, «gritando» que o Senhor nos ressuscita a fé e a esperança a cada momento, mesmo perante adversidades e perplexidades.

Voltou-me nestas últimas semanas várias vezes à mente, como há anos escrevi num editorial, uma frase que ouvi na Missa ao então pároco de Évora de Alcobaça: “a nossa fé não é neste nem naquele bispo, não é neste nem naquele padre; a nossa fé é em Jesus, que nos ama infinitamente sem falhas”.

No meio de tantas divisões políticas e sociais, num tempo de guerra, face a notícias que nos causam tanta estupefação, a Estrela Polar ilumina a escuridão e dá confiança a toda a Igreja, consagrados e leigos.
Quando parece que tudo nos desconcerta, quando os extremismos crescem, quando os valores se desvalorizam, quando o bom senso parece esfumar-se, a cruz reafirma-nos o Amor absoluto por todos e cada um de nós, o Amor que agonizou no Jardim das Oliveiras para nos abrir a porta da Ressureição.

Então, confiança!