Dias de monge

P. Tiago Roque
Pároco de Alcobaça e Vestiaria

Certamente que todos alguma vez já chegámos à conclusão de que a azáfama da vida como que nos esmaga. O trabalho, a casa, a família, a comunidade, as tarefas, as missões pessoais, as preocupações, os medos, as angústias… tudo isto é importante e faz parte de nós. Mas a intensidade do nosso viver exige, por vezes, um passo fundamental: parar. Sim, acredito mesmo nisto. É necessário sabermos parar. Nestes últimos tempos, tenho experimentado o abraço de Deus de múltiplas maneiras. Tenho-o sentido nas várias formas de me fazer presente nas nossas comunidades de Alcobaça e Vestiaria. Igualmente, em cada palavra que escrevo para O ALCOA, procurando abrir a mente de quem lê a uma nova reflexão. Também em cada visita aos doentes no nosso hospital, aos quais desejo dar uma palavra de esperança. Enfim, grandes coisas têm acontecido. E como me tenho sentido maravilhado com elas! Todavia, senti o apelo a parar. Fazer silêncio e nesse cenáculo de intimidade dispor-me a escutar. Pois, em todos estes momentos, há Alguém que me fala. Na azáfama da vida, posso não ter a disponibilidade ou capacidade de O entender. Deste modo, compreendi que nestes dias era preciso fazer retiro. Cinco dias. Silêncio absoluto. Oração com as orientações do padre pregador. Aproveitar a natureza como lugar de passeio e reflexão. Ou a capela, onde me encontro com Quem me quer falar. Há muito a agradecer-Lhe. Muitos desafios a confiar-Lhe. Estes dias são o ideal. Dias de monge.

Não tenho dúvidas de que são necessários tempos de recolhimento. O próprio Jesus, antes de iniciar a sua missão evangelizadora, quis recolher-se no deserto. Após um dia cheio em que recebe dezenas de pessoas, as ouve, as cura, retira-se em oração ao Pai. Antes de iniciar o dia da sua Paixão, Jesus procura o silêncio do Jardim das Oliveiras. A oração recentra-nos no essencial e ajuda-nos a ler a vida com os olhos de Deus. Assim, de tempos a tempos, arrisquemos parar. Não deixemos que a rotina demasiado preenchida nos afogue. Entremos antes no tempo de Deus.

P. Tiago Roque
Pároco de Alcobaça e Vestiaria

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