Editorial

Catarina Reis
Diretora do jornal O ALCOA

Não deixar ninguém para trás, respondendo à diversidade das necessidades e potencialidades específicas de cada um e de todos. Talvez seja este o caminho para a inclusão. Esta edição d’O ALCOA traz uma reportagem sobre este tema. Antes de o noticiar fui visitar a sala de multideficiência, inaugurada em janeiro, na Escola Básica 2/3 D. Pedro I, em Alcobaça, e conhecer o espaço criado pela Associação Solidariedade Sublime. O projeto é pioneiro em Portugal pela inclusão de crianças com deficiência em atividades de tempos livres e em período de férias no processo educativo Ensino/Aprendizagem. Destinado a alunos com necessidades especiais em idades correspondentes ao segundo e terceiro ciclos e ensino secundário, aqui desenvolvem atividades e dão alguma tranquilidade aos pais, que, muitas vezes, não tinham com quem deixar os seus filhos nas interrupções letivas ou nas férias escolares. A sala de multideficiência é um espaço amplo com condições dignas para necessidades tão básicas como fazer refeições, tomar banho ou mudar uma fralda, mas também para aulas de teatro, expressão plástica, musical, ou simplesmente festejar os 18 anos, como aconteceu com o Ayrton, um dos dez beneficiários do projeto. No tempo em que estive a conversar com a presidente da associação, Helena Freitas, fui fotografada, abraçada, recebi beijinhos e muitos sorrisos. Foi um verdadeiro e genuíno «banho de amor». Muitas daquelas crianças não se conseguem exprimir verbalmente, mas, às vezes, um olhar, um toque ou um sorriso revela tudo. Sente-se que ali são acarinhadas, cuidadas, mas que também estão ocupadas, a aprender e a viver. Numa sociedade em que, tantas vezes, se «olha para o umbigo», há quem não entenda porque deve estar na escola um jovem nestas condições, achando que deveriam estar noutro lugar, num depósito qualquer e que deveriam ser os pais a arranjar uma solução. Felizmente, há também quem não pense assim e que, passo a passo, ajude a mudar mentalidades, demonstrando que a escola inclusiva passa por dar a mesma oportunidade a todos, mas a todos mesmo. O trabalho que a Associação Solidariedade Sublime tem feito mostra que o melhor caminho para a inclusão é essa estrada, que passa pelo coração.

Catarina Reis
Diretora do jornal O ALCOA

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