Não há que enganar, estamos em clima de eleições. Seja pela propaganda eleitoral, entrevistas e debates, ou pelas arruadas que «aquecem» os mercados de qualquer concelho. Neste contexto e numa altura de campanha eleitoral, a maioria das forças políticas faz esforços para estar próxima dos eleitores e convencer os indecisos. Nesta maratona, Alcobaça e Nazaré estiveram no caminho. Todos os votos contam e por isso contam-se todos os votos. Num distrito onde concorrem 14 partidos e são eleitos dez deputados, Leiria cresce de importância e torna-se preponderante «instruir» o eleitor a votar, combatendo a abstenção. Atualmente, podemos escolher ir, ou não, exercer o nosso direito de voto, mas nem sempre foi assim. Parece uma eternidade, mas foi há apenas 50 anos e após o 25 de Abril de 1974 que em Portugal se consagrou o sufrágio universal e foram abolidas as restrições ao direito ao voto baseadas no sexo dos cidadãos. No entanto, houve uma mulher que conseguiu contornar o sistema e fazê-lo antes. Carolina Beatriz Ângelo foi a primeira mulher a votar em Portugal – fê-lo para as eleições da Assembleia Nacional Constituinte, a 28 de maio de 1911. Na altura, o código eleitoral determinava o direito ao voto apenas a todos os portugueses maiores de 20 anos à data de 1 de maio do ano corrente, residentes em território nacional, que soubessem ler ou fossem chefes de família. Tendo formação superior, sendo chefe de família e viúva e uma vez que a lei não especificava que apenas os cidadãos do sexo masculino tinham capacidade eleitoral, Carolina Beatriz Ângelo reunia as condições para votar e fê- -lo. Hoje, as coisas são muito diferentes, não só há esse direito, como também há mulheres à frente da liderança de partidos políticos e de muitas empresas e instituições. É curioso que as eleições deste ano aconteçam a 10 de março, dois dias depois do Dia Internacional da Mulher, 8 de março. Data instituída pela ONU, com o intuito de celebrar os direitos conquistados pelas mulheres, relembrando o caminho para a igualdade e todas as que ainda se encontram privadas desses direitos e dessa liberdade.