Eusébio – o atleta e o homem

Houve em tempos em Portugal, três diários de referência: o DIÁRIO DE NOTÍCIAS, que se mantém ainda hoje como importante jornal, o desaparecido O SÉCULO e um jornal ligado à Igreja, NOVIDADES, também já desaparecido. Este diário exibia sempre no seu cabeçalho (tal como agora o DIÁRIO DE NOTÍCIAS) uma frase emblemática, de um pensador ou de um filósofo de nomeada. Um dia, estávamos no início dos anos sessenta do século passado, a frase era esta: “As coisas bonitas que escrevem e dizem de mim não me farão esquecer os conselhos de minha mãe” de Eusébio, jogador do Benfica. Recortei a frase, meti-a na carteira, e era um gosto mostrá-la aos amigos, benfiquistas ou não, pois todos a apreciavam. Muito se disse e se escreveu nestes últimos dias sobre Eusébio. Mas não vi, em lado nenhum, referência a esta afirmação. Vi e li muitas outras, como esta, que eu vivi. Foi em Singapura em 1985. O porteiro do hotel onde estive quis saber a minha nacionalidade. Que era português, disse eu, ao que ele ripostou: “Português de Portugal? Ah, do país do Eusébio!” Um motorista de táxi não entendia bem o nome do meu país, mas depois lembrou-se, gritando bem alto: “Quê, Portugal? Portugal? Ah, Eusébio!” Há já quase vinte anos encontrei o Eusébio na Feira das Indústrias da Junqueira, numa feira internacional de turismo. Ao vê-lo, não resisti em falar-lhe, cumprimentá-lo. Seguiu-se uma conversa animada pela tarde, com se fôssemos dois velhos amigos. Eusébio era assim: despretensioso, simples, possuidor da grandeza dos humildes. Falei-lhe de um episódio curioso a que assistira pela televisão: Benfica e Manchester United empatavam a um golo perto do fim do jogo da final da Liga dos Campeões disputada em Wembey. Ele, Eusébio, num dos seus arranques poderosos isolou-se frente ao guarda-redes adversário, rematou mas… não foi golo, graças a uma defesa portentosa do guardião de Manchester. Eusébio correu para ele, a cumprimentá-lo, e o Benfica perderia, no prolongamento. O Pantera Negra, quando lhe falei no caso, sorriu e declarou-me: “Ele mereceu o meu cumprimento.” Dá gosto respirar o ar que respiram homens destes…

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