“Grã maravilha”

Lúcia Serralheiro
Terra Mágica das Lendas

Naquele dia, o Rei planeara um passeio até ao rio.

O Inverno dava lugar a alvoradas alegres. A Primavera sorria. A comitiva cavalgava calmamente.

O Rei queria dar atenção a tudo o que avistava à sua volta.

Lembrava-se dos conselhos que a sua mulher lhe dava. Tinha para si, que ela podia ter sido um bom “Rei”.
Naquele dia, ia sereno. De súbito reparou que um grupo de pessoas, que se dirigia na sua direção, com algum alvoroço.

Abeirando-se dele, juntos prestaram vénias e o mais velho de todos aproximou-se com um enorme peixe, que tinha pescado naquele rio e que por ser tão grande o queriam oferecer o Rei.

Sua Majestade mandou que a comitiva parasse e em muito boas palavras, agradeceu e falou: ‘Grã Maravilha’! e ordenou que aquele momento ficasse para memória futura.

Então, o escrivão tomou a pena e o pergaminho para tomar nota do facto. Uns tiraram as medidas ao enorme solho, peixe do rio Tejo, naqueles tempos muito abundante e como desejo de Sua Majestade, nele ficariam registados como testemunhas todos os nobres que o acompanhavam.

Mas o Rei quis ainda que o desenhador mor se instalasse bem para que o solho fosse não só descrito, mas desenhado.
Todos os aldeões observaram com contentamento o apreço com que sua Majestade lhes retribuía a oferta.

Muitos séculos depois, um engenhoso funcionário dos CTT, quis que esta memória, deixada pelo Rei poeta aos arquivos da nação, circulasse nas estampas dos CTT.

Obrigada D. Dinis por esta memória que dá valor aos gestos do povo, e aos CTT por a terem repescado da Torre do Tombo numa das suas efemérides.

A memória pertence a todos.

A memória não tem partidos e em todos há quem bem a preserve e quem pouco, ou nada, a preserve.

Lúcia Serralheiro
Terra Mágica das Lendas

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