Vidas que valem a pena.
Faleceu o Padre António Vaz Pinto. Em entrevista no final de maio, nas véspera dos seus 80 anos, já doente, à pergunta como se sentia, respondeu: “Muito bem. Como às vezes se diz, de papo cheio. Se morrer agora até aos 80 anos ou logo a seguir, tudo levo desta vida. Uma vida que valeu a pena viver, uma vida que vivi com muito gosto, com muita alegria, com muitos amigos. Estou muito grato a Deus pela vida que me deu”. E eu (e muitos) grata a ele e a Deus. Quando li a notícia online, nos comentários era referido o seu “Já agora vale a pena pensar nisto” na Renascença. Muitas vezes, aquele minuto de reflexão era a voz de Deus para mim, para aquele momento. Depois, em Lisboa, no Centro Universitário Padre António Vieira (CUPAV), participei nos seus encontros, exercícios espirituais, preparação para o matrimónio. Quando lhe pedi para nos casar: “tome lá a minha agenda e, se estiver livre, marque”. Por obra de uma desmarcação, que sempre vi como um presente de Deus, presidiu ao nosso casamento. Por onde passou, evangelizava incansavelmente, em presença e nos média de uma forma, para mim, ímpar. Ao tempo, João Paulo II pedia uma Nova Evangelização, com “novo ardor, novos métodos, novas expressões”. O P. Vaz Pinto foi, na minha vida, Nova Evangelização. Absolutamente fiel ao Jesus do Evangelho. Nem laxista, nem formalista. A “Beleza tão antiga e sempre nova” (na expressão de Santo Agostinho), o Deus com quem se deslumbrava, no seu repetido “absolutamente espantoso”, e nos fazia deslumbrar. A par da palavra, obra. Como escreveu Isabel Jonet, ele gostava de(as) pessoas. Na galeria de imagens no site dos Jesuítas, lá está com a equipa com que fundou o CUPAV, com quem fundou o Banco Alimentar, os Leigos para o Desenvolvimento, o Centro São Cirilo… Sempre acompanhado. Quando era enviado para outra casa, os projetos perduravam. A relação e amizade também.
Nesta edição, temos outro notável exemplo de entrega: um matrimónio de 60 anos do nosso querido e preciosíssimo colaborador Afonso Luís e da sua mulher Alexandra. Que belíssimo testemunho dado pelo filho, Filipe Luís, nestas páginas. Vidas que valem tanto a pena!