Invasão. Imigrantes ucranianos querem paz para o seu país e segurança para os familiares

Tatiana Khayinska, Galyha Ripko e Alla Muntyan são imigrantes ucranianas na região. Já Andriy Sayuk tem ligações familiares em Alcobaça. Todos têm a mesma esperança: a Ucrânia vai conseguir derrotar a invasão da Rússia de Putin. Porém, é grande o sofrimento mesmo à distância,acrescido pelo facto de terem familiares no país.

“Vivo sempre com o coração nas mãos, uma hora de cada vez, pois não sei quando será o último contacto”, diz a ucraniana Tatiana Khayinska, residente em São Martinho do Porto há 16 anos. Por isso nas “videochamadas despedimo-nos como se fosse a última vez”, lamenta a assistente dentária, de 23 anos. Os avós e o tio estão em Chernivtsi, cidade onde nasceu Tatiana. A mulher do tio com os seus seis filhos já estão na Polónia. Neste momento, os avós “passam as madrugadas na rua enrolados em mantas, ao relento na neve”.

Para Galyna Ripko, de 25 anos, imigrante ucraniana residente na Nazaré, desde 2014, a guerra é “assustadora”. A avó ainda está na Ucrânia e “teima em não sair, pois afirma ‘aqui nasci, aqui vou morrer’, pois custa-lhe deixar tudo o que construiu para trás”, explica Galyna Ripko, bombeira voluntária da Nazaré, a’O ALCOA. Mas a ucraniana, natural de Ivano-Frankivsk, revela que todos os “esforços estão a ser feitos para a conseguir trazer para Portugal, mas não está fácil, por motivos de transporte”. A situação está “muito complicada”, pois sempre que tocam as sirenes, a avó tem de se esconder no bunker, que tem “por baixo da sua casa e está sozinha”.

Já a ucraniana Alla Muntyan, de 48 anos, proprietária da loja Amiguinhos de “O Bibinho”, imigrante residente em Alcobaça há cerca de 20 anos, não acreditava que “a guerra viesse mesmo a acontecer”. A’O ALCOA conta que a mãe ficou sozinha em Chernivtsi, uma vez que “não quer abandonar o país”. Com o toque do recolher obrigatório, a mãe tem de ir para o bunker. Por isso, Alla Muntyan combina com a progenitora “horários para as chamadas”. O sobrinho e o cunhado tiveram de ir para o exército, “não é fácil”, desabafa. A irmã conseguiu fugir do país, tal como a filha de Alla Muntyan.

Com os pais e os irmãos em Alcobaça, Andriy Sayuk, de 32 anos, emigrado em Cracóvia, cidade da Polónia, desde 2016, admite a’O ALCOA estar a “seguir constantemente as notícias vindas da Ucrânia”. O ucraniano usa “canais e grupos de telegram, média e redes sociais” para se manter a par da situação, até porque tem a tia e respetiva família, e o seu avô em Lviv. Nesta cidade, “há alarmes aéreos várias vezes por dia”, nota Andriy Sayuk. “Este ataque foi muito para além de qualquer limite de raciocínio humano”, analisa. Para Andriy é “difícil” perceber se havia algo que a comunidade internacional pudesse ter feito para evitar a invasão. Paralelamente, acredita que “possivelmente a dependência energética da Europa por parte das fontes russas deu um certo nível de confiança ao governo do país ocupante para que o ataque passasse impune”.

Saiba mais na edição impressa e digital de 17 de março de 2022.

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