Joaquim Ruivo. “As pessoas sentirem seu o monumento é das coisas mais importantes do património”

Foto por Catarina Reis

O ALCOA convidou os diretores dos mosteiros Património Mundial da nossa região para uma entrevista. Joaquim Ruivo, reconduzido para mais três anos na direção do Mosteiro de Santa Maria da Batalha, o terceiro monumento nacional mais visitado na esfera da Direção-Geral do Património Cultural (DGPC), aceitou o repto.      

 

Como é ser diretor do 3º monumento mais visitado no âmbito da DGPC?
Ser diretor de um monumento é extremamente motivante até em termos pessoais: é uma motivação na nossa vida. Todos os dias venho para aqui com grande prazer.

Que balanço faz deste trabalho à frente do Mosteiro da Batalha?
Faço um balanço positivo, no reflexo daquilo que os outros pensam sobre o nosso serviço e na estratégia que sempre imprimi de uma ligação forte à comunidade, aos agentes turísticos, à aposta no serviço educativo. Um dos pontos estratégicos é trazer cada vez mais alunos e escolas, instruir e incutir o gosto pelo património de uma forma aliciante e apetecível. Depois, aquilo que é fundamental é que o mosteiro seja a âncora de valorização cultural na comunidade e na região. E aí temos um monumento muito vivo. Há uma forte aposta em atividades culturais, concertos, teatro de qualidade e também na promoção da investigação e de encontros internacionais.

Qual o tipo de visitante? O que estes procuram?
Continuamos maioritariamente com o visitante ocasional, orientado por guias através de empresas turísticas. Mas, cada vez mais, temos o que quer ficar algum tempo com a família. Isso não se justifica por uma dinâmica de gestão, mas com o próprio impulso turístico. Um turista que quer uma experiência de visita mais marcante, mais demorada. Em termos de visita, temos o visitante nacional, que procura o mosteiro por aquilo que ele é no contexto da nossa memória histórica e da nossa identidade; o que o procura pelo exemplo de obra prima do gótico europeu, da génese do chamado estilo manuelino, em Mateus Fernandes; o que o visita pelo Túmulo do Soldado Desconhecido e pelas homenagens nacionais em permanência na Sala do Capítulo e; finalmente, o que o procura por todo o seu estatuto. Monumento Nacional desde 1907, Património Mundial desde 1983 e Panteão Nacional desde 2016. Fatores que, de algum modo, motivam as pessoas, sobretudo as nacionais. Notamos um acréscimo do turismo nacional no monumento, que representa apenas 30% dos 500 mil visitantes do mosteiro. Há um défice de fruição cultural por parte dos portugueses. Daí a nossa aposta no serviço educativo.

Que experiência de visita o monumento proporciona?
O mosteiro é quase todo visitável. É um circuito muito linear e acessível, que pode ser visto em cadeira de rodas, não exige subida, a não ser ao Claustro Afonso V. Tanto posso visitar o monumento numa hora, como em 40 minutos, depende do tempo e do interesse. Tudo isso motiva a visita. E há tanto para ver! É fácil ficar deslumbrado com a igreja, que continua a ser a mais alta do país. Outros motivos de interesse são: a Capela do Fundador, o Claustro Real, a Sala do Capítulo, o Claustro de D. Afonso V, as Capelas Imperfeitas e a visita aos terraços que, não sendo possível diariamente por falta de recursos humanos, tenho procurado incluir no contexto do nosso plano de atividades. Fazemos encontros ou congressos e vamos ver os terraços.
Como vê a colocação das placas de betão à frente do monumento?
É uma obra da autarquia, mas passou todo o crivo de autorizações. Sempre vimos com algum interesse porque vem em benefício do monumento.

(Saiba mais na edição em papel e digital de 19 de abril 2018)

 

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