José Belo. “No futuro, queria que não fossem precisos CEERIAS”

PERFIL

Nome: José Ferreira Belo
Nascimento: 4 de fevereiro de 1950
Atividade profissional: advogado

Ligado desde a fundação, em 1976, ao Centro Educação Especial, Reabilitação e Integração Alcobaça (CEERIA), que começou por se chamar Centro de Educação Especial e Recuperação Infantil de Alcobaça, José Belo, atual presidente da direção fala dos desafios e traça o retrato da instituição.

O que o levou a aceitar o desafio de presidir ao CEERIA? E o que o faz continuar?
Queremos adotar as melhores práticas e as melhores técnicas no serviço das pessoas com deficiência. Isso constitui um desafio enorme. O CEERIA é sobretudo uma instituição virada para a comunidade, com o propósito genuíno de a servir de acordo com as necessidades que ela tem. Quando se fala do presidente de direção de uma instituição como esta, este tem muito pouca importância; têm-na muito mais as pessoas que todos os dias aqui trabalham, que são na maior parte dos casos de uma dedicação extrema e de um grande profissionalismo, e que nos desafiam a nós, órgãos sociais, a também darmos o melhor.

Quais as principais dificuldades e desafios da instituição?
Temos problemas ao nível das instalações. Começámos no palacete, que está em degradação. Depois compramos uma parte aqui atrás e fizeram-se umas construções com a criação do Centro de Atividades Ocupacionais (CAO), a pensar em ocupação na área da suinicultura, dos aviários, carpintaria, etc… Hoje entende-se que o caminho não é esse. Podem fazer isso, mas nas empresas. Com o crescimento do CAO, extinguimos algumas dessas tarefas e reabilitámos algumas instalações, mas que não têm qualidade. Foi uma grande conquista o polo da Quinta das Freiras: pela primeira vez o CEERIA tem instalações condignas, pelo menos para uma parte da sua atividade. Vamos avançar com a obra do palacete; estamos a lançar o concurso para a empreitada de construção. Entretanto, candidatámo-nos para a reabilitação do CAO; as obras hão-de começar, se a candidatura for aprovada. Ao nível da atividade, os desafios são permanentes, mas para nós, o maior desafio é a qualidade dos serviços prestados. Para isso apostamos na formação e no cuidado na contratação do pessoal. Mas aqui há novos desafios, pois há falta de recursos humanos, principalmente nos serviços de lar.

Que análise global faz em relação às políticas do Governo nesta área? Tem-se avançado na inclusão da diferença?
Comparando o que era o apoio às pessoas com deficiência em 1976, quando o CEERIA foi criado, e o que é hoje, falamos da noite e do dia. Um dia que queríamos mais luminoso, com políticas mais audazes, mais efetivas no apoio a pessoas com deficiência… Mas há uma evolução quer a nível da cobertura e da diversidade, quer a nível do conteúdo. Há evidentemente áreas muito deficitárias. Por exemplo, transferiu-se todo o apoio das pessoas com deficiência em idade escolar, para as escolas do ensino regular, com a ajuda do Centro de Recursos para a Inclusão (CRIS). Técnicos vão às escolas do ensino regular dar apoio a pessoas com deficiência. Existe uma ideia pré-formatada de que as pessoas com deficiência precisam de carinho e de mimo, e precisam, mas a inclusão não se faz só com isso. Às vezes, faz-se encarando os seus próprios desafios. Mas o maior desafio para o CEERIA é sempre a qualidade e, mesmo ao nível da escola inclusiva, há muita coisa a fazer. Que as pessoas diferentes, que somos todos, estejam onde estão as outras pessoas diferentes.

 

(Saiba mais na edição impressa e digital de 30 de maio)

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