Manique do Intendente e os sapateiros da Benedita

João Luís Maurício
Professor de História aposentado

António Rodrigues nasceu em Manique do Intendente, há 78 anos. De origem humilde, subiu na vida a pulso. Trabalhou nos serviços centrais dos correios, onde foi técnico dos serviços postais, em Lisboa. Foi bancário, advogado e presidente da Câmara Municipal de Azambuja, com obra feita. António Rodrigues, a simplicidade em pessoa, é do tempo em que os sapateiros da Benedita iam às feiras de Manique do Intendente e Alcoentre vender o produto do seu árduo trabalho.

São suas as seguintes palavras: “os sapateiros vendedores vinham da Benedita e calçavam os fregueses locais. Vendiam a mercadoria já pronta a usar, mas havia casos em que os sapateiros tiravam as respetivas medidas, na altura, aos clientes que queriam calçar-se mais a seu gosto, e entregavam o calçado no mês seguinte. Não se pagava sinal, mas a mercadoria era sempre entregue na data combinada. Alguns compravam a prestações, sem fiador, pois a palavra valia dinheiro. Uns sapatos ou umas botas cardadas custavam, por volta de 1955, 40$00 ou 50$00”.

António Rodrigues já não se lembra do nome desses sapateiros. Recordo-me eu de um deles: António Ferreira (1907-1989), vulgo Joaquim Fazendeiro. Nascido na freguesia de Santa Catarina, veio viver para o Casal do Leirião. Foi sapateiro durante longos anos e acabou por emigrar para os Estados Unidos, em 1968, onde ficou sepultado. Joaquim Fazendeiro fazia as feiras do Cartaxo, Alcoentre e Manique do Intendente. Recordamos a sua figura – um homem simples, de uma seriedade ilimitada.

João Luís Maurício
Professor de História aposentado

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