A desigualdade é um problema à escala mundial. Ricos e pobres encontram-se cada vez mais distantes. Estima-se que, em 2015, a riqueza acumulada por 1% da população do globo tenha sido superior à dos restantes 99%. Enquanto que, nos países escandinavos, por exemplo, o índice de desigualdade é menor, Portugal posiciona-se no extremo oposto. Esta é uma das ideias expostas por Joseph E. Stiglitz na conferência que proferiu no passado mês de dezembro, na Fundação Calouste Gulbenkian. Joseph Stiglitz recebeu em 2001 o Prémio Nobel da Economia e é, juntamente com Paul Krugman e Thomas Piketty, um dos mais respeitados economistas do mundo. Stiglitz considera que a desigualdade não se limita à vertente económica e financeira, mas é transversal à sociedade, designadamente nos domínios da saúde e da justiça, afirmando mesmo que “a desigualdade é uma escolha dos nossos sistemas políticos”. E acrescentou: “Sabemos que a austeridade leva a menor crescimento económico. A questão não é por isso económica, mas sim política. Mais rendimentos no topo, mais pessoas na pobreza e um esvaziamento da classe média, que tem sido fustigada”. Considerou ainda Sgtiglitz que Portugal pode inverter a tendência, pois já sofreu demasiado. E disse que “a política de austeridade não só está a enfraquecer a economia atual, como está também a ameaçar a possibilidade de Portugal crescer no futuro.” Entre as medidas que o economista aponta conta-se o aumento de impostos mas que não prejudiquem os mais pobres, que é o que tem acontecido, e preconiza mesmo impostos mais progressivos sobre o património, como forma de gerar receitas sem aumentar a desigualdade ou prejudicar o crescimento.
Joseph Ftiglitz é pois, um nome a fixar, uma vez que é considerado uma das 100 personagens mais influentes do mundo. Crítico feroz das políticas de austeridade adotadas na Zona Euro, foi dos poucos a prever a crise internacional desencadeada em 2008. Este norte-americano é por isso chamado de Senhor Anti-Austeridade.