O canto, como encontro com Deus

P. Tiago Roque
Pároco de Alcobaça e Vestiaria

O Tríduo Pascal é sempre marcante pela forma como nos faz mergulhar nos mistérios e maravilhas de Deus. Jesus venceu a morte e revela-nos que a vida não tem fim. Este ano, houve uma realidade desses dias maiores que me tocou especialmente: a música, como apoio à vivência dos mistérios da fé.
É de louvar a entrega dos coros paroquiais para as celebrações de cada Domingo ou dia solene. Foi em boa hora que se realizou na Semana Santa o “Cister Música Sacra” com um primeiro momento dedicado a cantores mais experientes e um segundo para todos os membros de coros das nossas Igrejas. No decurso destes trabalhos, tive a graça de participar numa conferência proferida pelo Padre Pedro Lourenço, formador no Seminário dos Olivais. Com a sua apresentação, concluí uma vez mais que o canto não é de todo uma realidade acessória numa celebração. É de extrema importância para bem participar na mesma. E mais… não tenho dúvidas de que no âmbito da fé a música evangeliza. Eu próprio fui evangelizado por ela nos tempos da minha infância. Não era fácil para mim estar numa Eucaristia. Sentia que era um conjunto de ritos, palavras e gestos difíceis de compreender. Era uma realidade para os outros. Não para mim. Até que a minha mãe teve a ideia brilhante de me propor entrar no coro da nossa paróquia. Nessa altura tinha já um grande gosto pela música. Aceitei. Lembro-me da primeira missa em que me juntei ao coro. Foi pôr em prática aquilo de que gostava, em união com os outros. Foi empenhar–me por ajudar a que através da beleza e da harmonia todos pudéssemos encontrar-nos com Deus. Por meio do canto, redescobri Deus e a Igreja.
Recordo as palavras de Santo Agostinho a propósito da música: “Cantar é próprio de quem ama.” A gratidão, a alegria e a contemplação dos mistérios de Deus fazem-nos elevar para ele a nossa voz. Ou ainda: “Quem bem canta reza duas vezes.” É nossa missão formar os nossos cantores paroquiais para que, com o seu rigor e capacidades, muitos homens e mulheres possam descobrir Deus e entregar-Lhe as suas vidas. Já dizia Dostoiévski: “A beleza salvará o mundo.” Aproveitemos então todas as ferramentas de contacto com o belo para colaborarmos com Deus nesta obra de nos conduzir ao eterno. A música terá de ser certamente uma delas.

P. Tiago Roque
Pároco de Alcobaça e Vestiaria

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